Al Maidah 5/2

Al Maidah 5/2

Ó vós que credes e confiais! Não profaneis[¹] as insígnias de servidão a Deus[²], os meses sagrados, os animais em oferenda trazidos pelos peregrinos, os colares anexados a eles[³], os que se dirigem à Mesquita Sagrada à procura do favor e do agrado do seu Senhor. Quando saís do ihram, podeis caçar. Que vosso ódio para com um povo, por haver-vos afastado da Mesquita Sagrada[⁴], não vos induza a transgredir. Ajudai-vos uns aos outros a serem virtuosos e na proteção contra erros mas não vos ajudeis no pecado e na agressão. Abstende-vos de errar contra Deus. A punição de Deus é severa[⁵].

(Fundação Suleymaniye)
[¹] A frase traduzida como “não profaneis” é (لاَ تُحِلُّواْ = não considereis halal). Halal é algo permissível, ou uma ação que se tem liberdade para fazer ou não. Este versículo proíbe o desrespeito por coisas que são insígnias de servidão a Deus, como os animais em oferenda que os peregrinos trazem para serem sacrificados durante a festa do sacrifício (Al Hajj 22/28) e a corrida entre Safa e Marwa (Al Baqarah 2/158,196, Al Hajj 22 / 32, 36). Como os meses de Haram (sagrados) não podem ser considerados halal, tocáveis,  aqueles que vêm a Meca para adoração a qualquer momento não podem ser considerados halal também. 
[²] Chaa’air – شَعَآئِرَ, significa certos sinais e símbolos que são fundamentais para servir a Deus e que precisam ser respeitados e protegidos. Embora Ca’ba, Safa, Marwa, Arafat, Mina e Muzdalifah se refiram aqui, que são chamados de manasik de peregrinação e locais onde o culto de peregrinação é realizado, eles na verdade incluem todos os símbolos e coisas sagradas da religião islâmica, como o adhan, o Alcorão, mesquitas, etc. Porque foi declarado que Safa e Merve e os animais de sacrifício são de chaairullah (Al Baqarah 2/158, Al Hajj 22/36). Em outro versículo, Allah afirmou que respeitar o chaairullah, ou seja, as insígnias que Ele estabeleceu, depende da piedade dos corações (Al Hajj 22/32).
[³] Animais levados para serem abatidos na região do Harém são chamados de “had’y” (Al Maidah 5/95, Al Fath 48/25). O significado de (الْقَلآئِدَ = al-kalaid) é colares neste versículo. Visto que vem logo após a palavra hedy, significa que os ornamentos especiais usados ​​no pescoço daqueles animais em oferenda devem ser reconhecidos e respeitados.
[⁴] Al Fath 48/25
[⁵] No versiculo, شديد chadid significa o que forma ligação firme ou se liga firme. A recompensa ou castigo de Deus é diretamente proporcional ao ato do servo (Al An’am 6/160).

Ó vós que credes! Não profaneis os ritos[¹] de Allah, nem o mês sagrado[²] nem os animais em oferenda, nem as guirlandas[³]; e não importuneis os que se estão dirigindo à Casa Sagrada, buscando favor de seu Senhor e agrado. – E, quando não mais estiverdes hurum, caçai. – E que o ódio para com um povo[⁴], por haver-vos afastado da Mesquita Sagrada, não vos induza a agredir. E ajudai-vos, mutuamente, na bondade e na piedade. E não vos ajudeis no pecado e na agressão. E temei a Allah. Por certo, Allah é Veemente na punição. –

(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Os ritos de Deus compreendem, entre outros, a chamada à oração, a oração coletiva, a oração nas sextas-feiras, a peregrinação e a abstenção do álcool, da carne de porco, dos jogos de azar, etc..
[²] Cf.II 194 n3.
[³] Era costume, entre os árabes, cingirem, com colares de árvores de Makkah, o pescoço dos animais destinados à oferenda, como meio de distingui-los do furto, agressão ou mutilação, pois é proibição divina que tais animais sejam profanados.
[⁴] Alusão aos Quraich, que proibiram o Profeta e seus seguidores de fazerem peregrinação no dia de Al Hudaybiyah, no sexto ano de Hégira.

Ó fiéis, não profaneis os relicários de Deus[¹], o mês sagrado[²], as oferendas, os animais marcados, nem provoqueis aqueles que se encaminham à Casa Sagrada[³], à procura da graça e da complacência do seu Senhor. E quando estiverdes deixado os recintos sagrados[⁴], caçai, então, se quiserdes. Que o ressentimento contra aqueles que trataram de impedir-vos de irdes à Mesquita Sagrada não vos impulsione a provocá-los[⁵], outrossim, auxiliai-vos na virtude e na piedade. Não vos auxilieis mutuamente no pecado e na hostilidade, mas temei a Deus, porque Deus é severíssimo no castigo.

(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Comparar com o versículo 158 da 2ª Surata, onde Assafa e Almarwa são denominados “Símbolos (Cha’aer) de Deus”. Aqui os símbolos são tudo o que se relacione com a Peregrinação, a saber: (1) os locais (como Assafa e Almarwa, ou a Caaba e Arafat etc.) (2) os rituais e as cerimônias prescritas; (3) as proibições (tal como a de caçar etc.); (4) as estações e os períodos prescritos. Há simbolismo, tanto espiritual como moral, em todos esses expedientes.

[²] Trata-se do mês da peregrinação ou, por outra, coletivamente, os quatro meses sagrados (9ª Surata, versículo 36), a saber, Rajab (7ª), Dul-qui’da (11ª), Dul-hijja (12ª, o mês da peregrinação) e Muharram (1ª mês do ano). Em todos esses meses a guerra era proibida. Com exceção de Rajab, os outros três meses são consecutivos.

[³] A imunidade quanto ao ataque ou a interferência estendia-se aos animais trazidos como oferendas para o sacrifício, e aos que portavam guirlandas ou filetes ou marcas distinguíveis que lhes dessem imunidade.

[⁴] Este estado é oposto ao descrito no versículo 1, ou seja, quando houverdes deixado os Recintos Sagrados ou houverdes retirado as vestimentas especiais de peregrinos, coisa que evidenciará a vossa volta à vida comum.

[⁵] No sexto ano da Hégira, os idólatras, levados pelo ódio aos muçulmanos, e pela perseguição a eles, proibiram-lhes o acesso à Mesquita Sagrada. Quando os muçulmanos se restabeleceram em Makka, alguns deles, querendo desforrar-se, procuravam excluir os idólatras ou, de algum modo, interferir na sua participação na Peregrinação. Isto é condenado. Passando do evento imediato ao princípio geral, saibamos que não devemos tirar proveito, ou desforra, ou retribuir o mal com o mal. O ódio, por parte dos iníquos, não justifica a hostilidade da nossa parte. Devemos auxiliar-nos mutuamente na retidão e na piedade, e não fazermos com que se perpetuem rixas, ódios e inimizades.

Ó vós que credes, não profaneis as insígnias de Deus, nem o mês sagrado, nem as oferendas, nem as grinaldas, e não perturbeis os que se dirigem à Casa Sagrada à procura da graça de Deus e de Sua aprovação. Terminada a peregrinação, podereis caçar. E que vosso ódio dos que tentaram impedir vossa ida à Mesquita Sagrada não vos incite a agredi-los. E ajudai-vos mutuamente na beneficência e na piedade, e não vos ajudeis no delito e na agressão. E temei a Deus. Ele castiga com severidade.

(Mansour Challita, 1970)

Oh vós que credes! Não profanai aqueles santificados por Allah, nem o mês sagrado, nem os animais trazidos como uma oferenda nem os animais de sacrifício com coleiras, nem os que se dirijam para a Casa Sagrada, buscando a graça do seu Senhor, e o Seu agrado. E quando puserdes de parte o traje de peregrino e estiverdes de fora do território sagrado, então podereis caçar. E não deixai que a inimizade dum povo vos impeça de ir à Mesquita Sagrada, incitando-vos a transgredir. E ajudai-vos uns aos outros em fazer o bem e em piedade; mas não vos ajudai uns aos outros em pecado e transgressão. E temei Allah; por certo, Allah é severo castigar.

(Iqbal Najam, 1988)

يَٓا اَيُّهَا الَّذ۪ينَ اٰمَنُوا لَا تُحِلُّوا شَعَٓائِرَ اللّٰهِ وَلَا الشَّهْرَ الْحَرَامَ وَلَا الْهَدْيَ وَلَا الْقَلَٓائِدَ وَلَٓا آٰمّ۪ينَ الْبَيْتَ الْحَرَامَ يَبْتَغُونَ فَضْلًا مِنْ رَبِّهِمْ وَرِضْوَانًاۜ وَاِذَا حَلَلْتُمْ فَاصْطَادُواۜ وَلَا يَجْرِمَنَّكُمْ شَنَاٰنُ قَوْمٍ اَنْ صَدُّوكُمْ عَنِ الْمَسْجِدِ الْحَرَامِ اَنْ تَعْتَدُواۢ وَتَعَاوَنُوا عَلَى الْبِرِّ وَالتَّقْوٰىۖ وَلَا تَعَاوَنُوا عَلَى الْاِثْمِ وَالْعُدْوَانِۖ وَاتَّقُوا اللّٰهَۜ اِنَّ اللّٰهَ شَد۪يدُ الْعِقَابِ

Al Maidah 5/2

Alcorão 5/2