Al Isra 17/1
¹ Glorificado seja Quem fez Seu servo Muhammad viajar à noite – da Mesquita Sagrada para a Mesquita Al-‘Aqsã² cujos arredores abençoamos³ – para mostrar-lhe, em seguida, alguns de Nossos Sinais⁴. Por certo, Ele é O Oniouvinte, O Onividente.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
¹ AI-‘Isra’: do infinito asrã, que significa andar à noite. Assim, é denominada a sura pela menção, no primeiro versículo, da Viagem Noturna que, de acordo com a tradição, Muhammad, acompanhado do anjo Gabriel, fez, no segundo ano da Hégira, desde a Mesquita Sagrada, em Makkah, até a Mesquita de Al Aqsã, em Jerusalém. O sentido dessa viagem, no dizer de alguns exegetas, “é a afirmação da unidade profética, a proclamação da identidade das mensagens divinas, transmitidas por todos os profetas, nomeadamente, por Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad”.A esta viagem terrestre sucedeu, na mesma noite, a outra, mais importante: ai miraj ou ascensão aos céus, onde Muhammad não só encontrou, em cada um dos céus, alguns dos profetas anteriores a ele (Noé, Abraão, José, Moisés, Jesus), mas testemunhou todas as maravilhas invisíveis do Universo. Já no sétimo céu,
Muhammad foi levado à Sidrat al Muntahã (cuja menção alcorânica se encontra na sura LIII 14), à árvore existente à direita do Trono, além da qual, está o Invisível. Passar por ela é interdito a todos os anjos celestiais. Em seguida à série de deslumbramentos e conhecimentos, Muhammad, finalmente, contemplou a Deus com os olhos do espírito. Despertando, contou sua viagem e ascensão a alguns parentes, que, incrédulos, tentaram persuadi-lo de nada relatar a ninguém, pois seus prosélitos poderiam não crer no ocorrido, por inverossímil, além de que seus inimigos se prevaleceriam disso para detraí-lo mais ainda e tornar mais acirradas as perseguições contra ele. Esta sura implica, também, vários itens, cuja maioria se relaciona com a fé; outros, tratam da conduta tanto individual quanto coletiva do homem. Além disso, traz notícias sobre os filhos de Israel (aliás, uma outra denominação desta sura é Banu Israil ou Filhos de Israel), e, ainda, concernentes á Mesquita de Jerusalém, para a qual Muhammad foi transportado, durante a viagem noturna, antes de ascender aos céus; e, outrossim, notícias sobre Adão e Iblis. O elemento preponderante, nesta sura, é a personalidade do Profeta Muhammad e a atitude dos idólatras de Makkah em relação a ele e ao Alcorão; assim também, a natureza da Mensagem, que se distingue das demais, por não apresentar milagres concretos, tais quais os verificados com Abraão, Moisés e Jesus. Ela, apenas, se atém a um plano puramente espiritual e divino.
² ‘Aqsã: extrema, distante. Trate-seda Mesquita de Jerusalém, que se achava distante de Makkah.
³ Estes arredores são abençoados, por serem o local eleito pelos profetas, para a adoração de Deus, desde o tempo de Moisés. É o local da revelação divina.
⁴ Referência aos magníficos sinais do universo celestial, contemplados pelo Profeta, quando, após a viagem terrestre, ascendeu, com Gabriel, às sete regiões empíreas.
Glorificado seja Aquele que, durante a noite,¹ transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita² (em Makka) e levando-o à Mesquita de Alacsa³ (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais. Sabei que Ele é Oniouvinte, o Onividente.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
¹ É com respeito à Mi’raj, ou seja, a ascensão, sobre a qual há diversificadas versões; alguns exegetas afirmam tratar-se da visão que ele teve.
² Masjid; é um local para a oração. Aqui, refere-se à Caaba, em Makka. Ela não havia sido expurgada dos seus ídolos, nem novamente dedicada exclusivamente ao Único e Verdadeiro Deus. Constituía um símbolo da nova Mensagem que estava sendo dada a conhecer à humanidade.
³ A Mesquita de Alacsa deve referir-se ao Templo de Salomão, em Jerusalém, no monte de Moriah, sobre o qual ou perto do qual se encontra o Domo da Rocha, também denominado Mesquita de Ômar. Esta, mais a mesquita conhecida como a Mesquita Longínqua, (Masjid-ul-Acsa), foram completadas pelo Califa Abdul Málik no ano 68 H.. Longínqua, porque se tratava do mais longínquo local de adoração, no oeste, que foi conhecido pelos árabes nos tempos do Profeta; era um local sagrado, tanto para os judeus como para os cristãos, acontecendo, porém, que os cristãos tinham a primazia, uma vez que tal local fazia parte do Império Bizantino (Romano), império esse que mantinha um patriarca em Jerusalém. Os principais dados com relação ao Templo são: ele foi terminado por Salomão por volta de 1004 a.C.; foi destruído pelos babilônios sob o governo de Nabucodonosor, por volta de 586 a.C.; tornou-se um tempo dos ídolos pagãos, sob um dos sucessores de Alexandre, Antiochus Epiphanis, em 167 a.C.; foi restaurado por Herodes, de 17 a.C. a 29 d.C.; e foi completamente destruído pelo Imperador Tito, no ano 70 d.C.. Tais altos e baixos constituem grandes marcos na história da Religião.
Glorificado seja Aquele que, certa noite, levou seu servo da Mesquita Sagrada à distante Mesquita de Al-Aqsa, cujos arredores abençoamos, para que pudéssemos mostrar-lhe alguns de Nossos sinais. Deus ouve tudo e vê tudo.
(Mansour Challita, 1970)
Glorioso é Aquele que pela noite tomou o Seu servo da Mesquita Sagrada para a Mesquita Distante cujos arredores Nós temos abençoado, para que Nós lhe pudéssemos mostrar alguns dos Nossos Sinais. Sem dúvida, Ele apenas é o Ouvir, o Ver.
(Iqbal Najam, 1988)
Al Isra 17/1