Al Anfal 8/1
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يَسْـَٔلُونَكَ عَنِ الْاَنْفَالِۜ قُلِ الْاَنْفَالُ لِلّٰهِ وَالرَّسُولِۚ فَاتَّقُوا اللّٰهَ وَاَصْلِحُوا ذَاتَ بَيْنِكُمْۖ وَاَط۪يعُوا اللّٰهَ وَرَسُولَهُٓ اِنْ كُنْتُمْ مُؤْمِن۪ينَ
Al Anfal 8/1
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Perguntam-te, Muhammad, pelos espólios. Dize: “Os espólios são de Allah e do Mensageiro . Então, temei a Allah e reconciliai-vos. E obedecei a Allah e a Seu Mensageiro, se sois crentes.”
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] AI- Anfâl; plural de Nafal, que, etimologicamente, significa o que é a mais, o que excede. Posteriormente, passou a denominar os espólios de guerra, obtidos do inimigo pelos soldados vitoriosos, já que estes espólios são algo recebido além do alvo principal na luta pela causa de Deus, ou seja, a defesa da nação e a pregação do Islão. Esta sura, assim, se denomina, pela menção de palavra anfal no primeiro versículo. Nela, trata-se da estratégia militar e das legislações que devem ser aplicadas em tempo de guerra, além das orientações que os crentes devem seguir, de um lado, entre eles, e, de outro, entre os inimigos. Destarte, esta sura é iniciada pela solução do problema da partilha de espólios, surgido na batalha de Badr, a primeira entre os moslimes e os idólatras, e ocorrida no segundo ano da Hégira. Por duas vezes ao ano, havia de Makkah para a Síria, e desta para aquela, caravanas que empreendiam comércio nessas regiões. Uma delas, de retorno a Makkah, vinha chefiada por Abü Sufiãn, um dos líderes da tribo Quraich- inicialmente, tenaz adversária do Profeta - e trazia consigo perto de quarenta pessoas e grande carregamento de mercadorias. Ao sabê-lo, pelo anjo Gabriel, o Profeta inteirou os mais moslimes do fato, e estes, entusiasmados com a perspectiva não só da posse da caravana, mas de represália ao que os Quraich lhes fizeram, em Makkah, saíram a seu encontro. Nesse ínterim, Abü Sufiãn, a fim de pôr a salvo a caravana, alterou-lhe o rumo, tomando o caminho do litoral. Ao mesmo tempo, Abu Jahl, um dos líderes Quraich, em Makkah, ao cientifícar-se dos planos moslimes, reuniu numeroso exército para salvaguardá-la. Quando soube que ela se encontrava à salvo, pela tática de Abü Sufiãn, não retornou a Makkah, mas continuou adiante, com o fito de chegar, com seu exército, a Badr, poço de água perto de Al Madinah, e, assim, intimidar o Profeta e seus companheiros, ostentando-lhes superioridade e força. E, para comemorar o feito, pretendiam festejar com banquetes e vinho. Novamente informado do ocorrido, pelo anjo Gabriel, o Profeta, consultou seus companheiros sobre o ataque ao exército Quraich. Os companheiros, porém, em sua maioria, julgaram melhor não combater, alegando a desigualdade de forças entre as hostes, o que lhes poderia, fatalmente, acarretar a derrota. Finalmente, por inspiração divina, Muhammad convenceu-os da necessidade de irem a combate, onde, aliás, acabaram sendo vitoriosos.
[²] A terceira pessoa plural é referência aos moslimes, quando, divergindo entre eles, a respeito dos despojos da localidade de Badr, pretendiam saber como dividi-los e a quem deviam eles pertencer, já que os mais jovens sustentavam pertence-lhes exclusivamente, pois, afinal, eram eles que, em luta, se postavam à frente dos exércitos; os mais velhos, entretanto, pensavam o contrário, asseverando que o combate existia, porque dependia da retaguarda, que eles davam aos combatentes. Finalmente, para dirimir as dúvidas e inquirições dos moslimes ao Profeta acerca desta questão, foi revelado este versículo.
[³] Somente Deus indica quem possuirá os espólios, e impende ao Mensageiro dividi-los, conforme a vontade divina.
Perguntar-te-ão sobre os espólios[¹]. Dize: Os espólios pertencem a Deus e ao Mensageiro[²]. Temei, pois, a Deus, e resolvei fraternalmente as vossa querelas; obedecei a Deus e ao Seu Mensageiro, se sois fiéis.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] A ocasião é a da divisão das presas de guerra, após a batalha de Badr.
[²] Os despojos, conseguidos numa guerra lícita e justa, não pertencem a nenhum indivíduo. Caso ele tenha lutado visando a recompensa com tais acessórios, ele lutou levado por intenções errôneas. Eles pertencem à Causa — neste caso a Causa de Deus —, conforme administrada por seu mensageiro. Qualquer parte concedida a um indivíduo constitui dádiva acessória, bafejo da benevolência do comandante. A principal coisa é ele permanecer leal à Causa de Deus, e não suscitar dissensões entre aqueles que são pela Causa. As nossas relações internas devem ser conservadas estáveis; não devem ser perturbadas pela cupidez ou pelas considerações terrenas de ganho, porquanto qualquer bafejo dessa natureza deverá estar fora dos nossos cálculos.
Perguntam-te sobre os espólios. Dize: “Os espólios pertencem a Deus e ao Mensageiro. Temei a Deus e ajustai as coisas entre vós. E obedecei a Deus e a Seu Mensageiro se sois crentes.”
(Mansour Challita, 1970)
Eles interrogam-te no que respeita à despojos. Dize-os despojos pertencem a Allah e ao Mensageiro. De modo que temei Allah, e assentai as coisas justiça entre vós próprios, e obedecei a Allah e ao Seu Mensageiro, se sois crentes.
(Iqbal Najam, 1988)
Al Anfal 8/1