Ó vós que credes e confiais! Não vos aproximeis da oração enquanto ébrios até que saibais o que dizeis[¹], e nem enquanto junub – exceto quando estais em passagem[²] – até que vos banheis. Se estiverdes enfermos ou em viagem, ou se um de vós chega de onde satisfazer a sua necessidade, ou se tiverdes relação com vossas mulheres[³] e se não encontrardes oportunidade de usar água[⁴], dirigi-vos a uma superfície limpa[⁵], e roçai os vossos rostos e as vossas mãos[⁶]. Deus é Perdoador, Indulgente[⁷].
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Até recuperais vossa consciência.
[²] “عَابِرِي سَبِيلٍ” traduzido como “estar em passagem” abrange todos os tipos de estados nas estradas, incluindo passagem na cidade. Na próxima frase, “estar em viagem” é uma longa jornada que requer ser considerado viajante (safari).
[³] Ejaculação por meio de relação sexual ou outros meios.
[⁴] Se não estais em condições de usar água (Mufradat وجد art.)
[⁵] Saîd (صَعٖيدً) significa algo que se sobrepôs. A superfície externa do mundo (Al Kahf 18/8) e tudo na superfície são chamados de said (Al Kahf 18/40).
[⁶] A palavra “يد yed”, que significa “mão” em árabe, refere-se a todo o braço, do ombro às pontas dos dedos, de acordo com os dicionários. No entanto, o uso da palavra no Alcorão se refere à parte do pulso até a ponta dos dedos, que é usada para segurar algo. Isto pode ser visto em versos em Al A’râf 7/195 e Taha 20/22. Por esta razão, quando a ablução é descrita no versículo Al Maidah 5/6, é ordenado que “lavai as mãos até os cotovelos” e não apenas lavar as mãos, mas estender a área a ser lavada até os cotovelos. Além disso, o Profeta passou as mãos até os pulsos, mas não passou até os cotovelos, uma vez que o tayammum é expressado como “passai as mãos aos vossos rostos e as vossas mãos” em An Nissa 4/43 e Al Maidah 5, mas não é expressado “até os cotovelos”. (Bukhari, Tayammum 3; Abu Dawud, Taharat 123).
[⁷] O tayammum é realizado se não houver água quando for necessário fazer ghusl ou ablução ou se houver uma situação que impeça o uso da água (doença, não poder banhar (Al Maidah 5/6). Tayammum tomado é considerado ghusl e também ablução. Algumas pessoas podem às vezes ter a ilusão de que “tayammum não será suficiente” nos casos em que um ghusl é necessário, ou que “os locais que precisam ser lavados com ghusl e ablução não podem ser lavados completamente”. Esses delírios podem dificultar ou mesmo impedir uma pessoa de fazer orações. A expressão “عَفُوًّا غَفُورًا = Perdoador, Indulgente” no versículo é importante para se livrar das ilusões de uma pessoa que é confrontada com tal ilusão; porque Deus afirma que Ele perdoa (ignora os pecados). Esse perdão inclui se tiver um lugar lavado incompleto sem querer.
Ó vós que credes! Não vos aproximeis da oração, enquanto ébrios, até que saibais o que dizeis, nem mesmo enquanto junub[¹] – exceto quando em viagem – até que vos banheis completamente. E, se estais enfermos ou em viagem, ou se um de vós chega de onde se fazem as necessidades, ou se haveis tocado as mulheres[²] e não encontrais água, dirigivos a uma superfície pura, tocaí-a com as mãos e roçai[³] as faces e os braços, à guisa de ablução. Por certo, Allah é Indulgente, Perdoador.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] A palavra junub é derivada de janãbah, e quer dizer distância. É empregada no texto para designar o homem que, não se havendo banhado logo após emissão seminal voluntária ou involuntária, deve permanecer distante dos lugares de oração. Não pode rezar nem ler o Alcorão antes de se banhar.
[²] Tocar as mulheres: copular. O Alcorão tem, por hábito, referir-se a questões sexuais de maneira bem discreta e quase metaforizada.
[³] Roçai… à guisa de ablução; é tradução de tayammum, que significa “tocar com as duas mãos qualquer superfície limpa, com apenas alguns resíduos de pó, para, em seguida, com elas, roçar as faces e os braços, simulando o movimento de ablução com água”. Este versículo encerra um lembrete a todos os moslimes para que não sejam nunca desatentos à noção de asseio, antes de fazer suas orações, tanto que, não encontrando água para se lavarem, pelo menos, devem lembrar-se da lavagem por meio de gestos simbólicos.
Ó fiéis, não vos deis à oração, quando vos achardes ébrios[¹], até que saibais o que dizeis, nem quando estiverdes polutos pelo dever conjugal — salvo se vos achardes em viagem —, até que vos tenhais higienizado[²]. Se estiverdes enfermos ou em viagem, ou se algum de vós acabar de fazer a sua necessidade, ou se tiverdes contato com mulheres, sem terdes encontrado água, recorrei à terra limpa e passai (as mão com a terra) em vossos rostos e mãos; sabei que Deus é Remissório, Indulgentíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] A referência é tanto para o estado de embriaguez como para o de aturdimento mental, devido ao entorpecimento ou a alguma outra causa. Talvez ambos estejam implícitos. Antes que a proibição dos tóxicos fosse totalmente promulgada, era, pelo menos, inconcebível que as pessoas comparecessem às orações em tal estado. Para as orações, é preferível que estejamos de posse de todas as nossas faculdades, a fim de que nos aproximemos de Deus com um espírito de reverência. A “oração”, aqui, significa “o local das orações”, uma Mesquita; o significado consequente será o mesmo.
[²] A rigorosa higienização e purificação da mente e do corpo é requerida, especialmente na hora da oração. Contudo, há certas circunstâncias em que a água para a ablução não é facilmente encontrada, mormente nas condições adustas da Arábia. Nesse caso, esfregar-se com areia seca ou com terra limpa é recomendado. Quatro de tais circunstâncias são mencionadas; as duas últimas, quando o lavar-se é especialmente requerido; as duas primeiras, quando o lavar-se deve ser necessário, não sendo, no entanto, fácil encontrar água. Isso, para um homem doente, que não pode caminhar para conseguir água, e para um homem em viagem, que não possui pleno controle dos seus suprimentos. Nos quatro casos em que a água não pode ser conseguida, a pessoa se limpar com areia ou terra seca é recomendado. Este ato é chamado de Tayamum.
Ó vós que credes, não vos aproximeis da oração enquanto ébrios, até que saibais o que dizeis, ou maculados até que vos laveis, salvo quando estiverdes em viagem. Se estiverdes doentes, ou se algum de vós tiver acabado de satisfazer as necessidades, ou de ter relações com as mulheres, e não encontrardes água, recorrei então à terra limpa e esfregai os rostos e as mãos. Deus é indulgente e perdoador.
(Mansour Challita, 1970)
Oh vós que credes, não vos aproximai da Oração enquanto estiverdes com disposição atordoado até que vós saibais o que dizeis, nem quando estiverdes sujos, exceto quando fordes de viagem ao longo dum caminho, até que vós tenhais banhado. E se estiverdes doente, ou se estiverdes numa viagem enquanto sujos, ou se um de vós vier da privada ou tiverdes tocado mulheres e não achardes água, então recorrei a pó puro c com ele limpai o vosso rosto e as vossas mãos. Por certo, Allah é o Mais Indulgente, o Mais Generoso.
Os que cometem incredulidade[¹] e se rebelam contra o que o mensageiro trouxe, nesse dia, desejam ser tragados pela terra. Não podem ocultar nem uma palavra de Deus.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Em árabe, kafara (kufr) significa cobrir algo ou se cobrir de aquela coisa, ignorar, resistir em ignorância. Os atos de explicar os versículos de Deus sem base nenhuma, tirar eles do contexto, mudar significado das palavras, ignorar, apegar-se a coisas falsas diante daqueles versículos, todos tipos de incredulidade é kufr e a pessoa que faz isso é chamado de kafir.
Nesse dia, os que renegam a Fé e desobedecem ao Mensageiro almejarão ser tragados pela terra. E não poderão ocultar de Allah conversação alguma.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Nesse dia, os incrédulos, que desobedeceram ao Mensageiro, ansiarão para que sejam nivelados com a terra, mas saibam que nada podem ocultar de Deus.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Naquele dia, os descrentes e os que tiverem desobedecido ao Mensageiro desejarão que a terra seja nivelada sobre eles. Pois nada poderão esconder de Deus.
(Mansour Challita, 1970)
Nesse dia os que descreram e desobedeceram ao Mensageiro desejarão que a terra fosse feita raza com eles, e não terão possibilidade de esconder coisa alguma de Allah.
Por certo, Allah não faz injustiça nem mesmo do peso de um átomo. E se este é uma boa ação, multiplicá-la-á, e concederá, de Sua parte, magnífico prêmio.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Deus não frustará ninguém, nem mesmo no equivalente ao peso de um átomo; por outra, multiplicará toda a boa ação e concederá, de Sua parte, uma magnífica recompensa.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Deus não prejudica ninguém nem do peso de uma formiga. E dobra toda boa ação e acrescenta-lhe uma grande recompensa.
(Mansour Challita, 1970)
Por certo. Allah não prejudica ninguém mesmo no peso de um átomo. E se houver uma boa ação, Ele multiplica-a e dá parte de Si Próprio dá uma grande recompensa.
O que eles teriam perdido se cressem em Deus e no Último Dia e despendessem (como crentes) do que Deus lhes deu por sustento? Deus conhece seus estados.
(Fundação Suleymaniye)
E que lhes impenderia, se cressem em Allah e no Derradeiro Dia e despendessem do que Allah lhes deu por sustento? E Allah deles é Onisciente.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Que teriam eles a temer, se cressem em Deus e no Dia do Juízo Final, e fizessem caridade, com aquilo com que Deus os agraciou, uma vez que Deus bem os conhece?
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Que teriam eles a temer se acreditassem em Deus e no último dia e gastassem do que Deus lhes deu? Deus conhece-os.
(Mansour Challita, 1970)
E que mal lhes teria vindo, se eles tivessem crido em Allah e no Último Dia e despendessem do que Allah lhes tem dado? E Allah conhece-os perfeitamente bem.
Existem os que despendem seus bens para se exibir para as pessoas, e não crêem em Deus nem no último dia. Quem quer que Satã seja seu amigo íntimo, que mal amigo íntimo ele é[¹].
E Allah não ama os que despendem suas riquezas, por ostentação, para serem vistos pelos outros, e não crêem em Allah nem no Derradeiro Dia. E quem tem Satã por acompanhante, que vil acompanhante tem!
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
(Tampouco Deus aprecia) os que distribuem ostensivamente[¹] os seus bens e não crêem em Deus, nem no Dia do Juízo Final, além de terem Satanás por companheiro. Que péssimo companheiro!
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Um defeito oposto à avareza, mas igualmente oposto à caridade, é gastar perdulariamente para se notado pelos homens. Constitui mera hipocrisia; não há amor nisso, tanto para com Deus, como para com o homem.
Quem tomar o demônio por companheiro, é ele mesmo um péssimo companheiro.
(Mansour Challita, 1970)
E para os que despendem a sua riqueza em ser vistos dos homens, e não crêem em Allah nem no Último Dia. E quem quer que tenha Satã por companheiro, que se lembre de que um pernicioso companheiro ele é.
São avarentos, dizem às pessoas para fazer avareza, e ocultam o favor que Deus deu a eles. Preparamos um tormento humilhante para os que insistem em ignorar os versículos.
(Fundação Suleymaniye)
Os que são avaros e ordenam a avareza aos outros, e ocultam o que Allah lhes concedeu de Seu favor. E preparamos, para os renegadores da Fé, aviltante castigo.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Quanto àqueles que são avarentos e recomendam aos demais a avareza, e ocultam o que Deus lhes concedeu da Sua graça, saibam que destinamos um castigo ignominioso para os incrédulos[¹].
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Note-se como o castigo se adapta ao crime. O avarento despreza as pessoas; assim procedendo, ele próprio se torna desprezível.
Nem aqueles que são avaros e recomendam aos outros a avareza e escondem o que Deus lhes deu de Sua bondade — destinamos aos descrentes um castigo aviltante – Nem aqueles que gastam por ostentação diante dos outros, mas não acreditam nem em Deus nem no último dia.
(Mansour Challita, 1970)
Que são mesquinhos e levam outra gente a ser mesquinha, e escondem o que Allah lhes deu de Sua beneficência. E nós temos preparado para os descrentes um castigo humilhante;
Adorai a Deus. Não associeis nada a Ele. Fazei o bem para com os pais, e os parentes, os órfãos, necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho, o companheiro ao vosso lado, o viajante, os cativos sob vosso domínio. Deus não ama ninguém presunçoso e os jactancioso.
(Fundação Suleymaniye)
E adorai a Allah e nada Lhe associeis. E tende benevolência para com os pais e os parentes e os órfãos e os necessitados e o vizinho aparentado e o vizinho estranho e o companheiro achegado e o filho do caminho[¹] e os escravos que possuís. Por certo, Allah não ama quem é presunçoso, arrogante,
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Cf. II 177 nl.
Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros[¹]. Tratai com benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho[²], o companheiro[³], o viajante e os vossos servos[⁴], porque Deus não estima arrogante[⁵] e jactancioso algum.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Este preconceito é mais amplo e mais compreensível do que “Amar a Deus e ao próximo”, porque ele inclui deveres, tanto para com os animais como para os nossos semelhantes, além de enfatizar os serviços práticos, não os meramente sentimentais.
[²] O vizinho próximo, ou seja, em contingência local, bem como em relacionamentos íntimos, assim como o vizinho estranho, “próximo ou não”, inclui aqueles que não nos são conhecidos ou que vivem longe ou perto de nós, ou numa esfera totalmente distinta.
[³] O Companheiro pode ser o nosso amigo íntimo ou o nosso sócio, assim como o viajante pode ser um conhecido ocasional, que encontremos quando em viagem. Isto tem mais amplitude do que o “vizinho desconhecido”.
[⁴] Vossos servos: qualquer criatura que não possua direitos civis. Inclui cativos ou escravos (em qualquer forma que existam), pessoas sob a vossa tutela, ou animais silentes, com os quais tendes de tratar. Todos eles são criaturas de Deus e merecem a nossa simpatia e o nosso serviço prático.
[⁵] A arrogância é a razão pela qual os nossos atos de amor e de benevolência não se desenvolvem. Outras, são a avareza e o egoísmo. Deus é contrário a tudo isso, porquanto todos esses defeitos procedem de falta de amor a Ele e da carência de fé n’Ele. Avaro é o que não somente se recusa a gastar, prestando serviços, mas, por meio de exemplos e preceitos, impede outros de fazê-lo, tornando-se, portanto, por comparação, odioso ante os seus semelhantes. Assim, sendo, ele ou faz de sua precaução uma virtude, ou esconde as dádivas com as quais foi agraciado — riqueza, posição, talento etc.
E adorai Deus e não Lhe associeis outros deuses. Sede bondosos para com vossos pais, vossos parentes, os órfãos, os necessitados, os vizinhos, quer aparentados quer não, os companheiros, os viajantes e os escravos. Deus não ama os presunçosos e os soberbos
(Mansour Challita, 1970)
E adorai Allah e não associai coisa alguma com Ele, e mostrai bondade para com os pais, e para com os parentes, e órfãos, e os necessitados, e para com o vizinho que e um parente e o vizinho que é um estranho, e o companheiro ao vosso lado, e o viandante, e aqueles que a vossa mão direita possuir. Por certo, Allah não ama os orgulhosos e os jactanciosos;
(Ó crentes!)[¹] Se temeis que os cônjuges se separem, enviai um árbitro da família dele e um árbitro da família dela. Se ambos desejam reconciliação, Deus os reconciliará. Deus sabe e está ciente do interior de cada caso.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Parentes e melhores amigos que sabem e suspeitam que vão se separar.
E, se temeis discórdia entre ambos, enviai-lhes um árbitro da família dele e um árbitro da família dela: se ambos desejam reconciliação, Allah estabelecerá a concórdia entre eles. Por certo, Allah é Onisciente, Conhecedor
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
E se temerdes desacordo entre ambos (esposo e esposa), apelai para um árbitro da família dele e outro da dela[¹]. Se ambos desejarem reconciliar-se, Deus reconciliará, porque é Sapiente, Inteiradíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Um plano excelente para se consertar as disputas familiares, sem muita publicidade ou conspurcação, sem recorrer às chicanices da lei. Os casais muçulmanos, em todo o mundo, recorrem a este instrumento. Os países latinos reconhecem este plano, em seus sistemas gerais. Os árbitros de cada família devem conhecer as idiossincrasias de ambas as partes e pôr-se em posição, com a ajuda de Deus, para efetuar uma verdadeira reconciliação.
E se temerdes uma ruptura entre esposo e esposa, convocai um árbitro da família do homem e um árbitro da família da mulher. Se se mostrarem dispostos a reconciliar-se, Deus os reconciliará. Deus sabe tudo e compreende tudo.
(Mansour Challita, 1970)
E se vós receais que haja um rompimento entre eles, então nomeai um árbitro dentre a gente dele e um árbitro dentre a gente dela. Se eles desejarem reconciliação, Allah a efetuará entre eles. Por certo, Allah é Todo-Conhecedor, Todo Vigilante.
Os homens são responsáveis por proteger e zelar por suas mulheres. Isso se deve ao fato de que Deus concedeu superioridades a cada um deles que não existem no outro¹ e os homens despendem de suas riquezas² (para suas mulheres). As boas mulheres são aquelas que se submetem sinceramente a Deus e se protegem atentamente enquanto, também, ninguém vê-las³ em troca da proteção de Deus.⁴ Dizei palavras conciliativas à vossas mulheres de quem temeis a sua partida,⁵ afastai-vos delas na cama⁶ e deixai-as em paz.⁷ Se elas vos aceitam de coração⁸ não busqueis outra forma contra eles. Deus é Altíssimo, Grande.
(Fundação Suleymaniye)
¹ Os homens são superiores em alguns assuntos e as mulheres são superiores em outros. Por causa dessa diferença, um completa as deficiências do outro. Por isso, uma das partes não deve cobiçar à outra.
³ A proteção de Deus às mulheres, a obrigação de trazer 4 testemunhas (An Nissa 4/15, An Nur 24/4, 6, 13) para a pessoa que alega ter cometido adultério, a responsabilidade do homem pelo sustento da casa, que os direitos das mulheres em casamento e divórcio estão garantidos financeiramente com o dote.
⁴ A palavra que traduzimos como “enquanto ninguém vê-las é “lil-ghayb = للغيب”, é estimado por “fî’l-ghayb = في الغيب”. O ghayb é usado para algo “não perceptível com os cinco sentidos”. O que é ghayb, não ouvido, que não é testemunhado, é invisível para as pessoas. São procuradas quatro testemunhas para a finalização do crime de adultério de mulheres (An Nissa 4/15). Então, com a expressão “lil ghayb” no versículo, menciona-se a situação sem testemunhas. Mulheres más podem tirar vantagem disso e cometer imoralidade. Mas as boas mulheres ficam longe deles porque se submetem sinceramente a Deus.
⁵ A palavra que traduzimos como “partida” é “nushuz = نُشُوزً”. Ela significa que a pessoa se levanta um pouco onde se senta enquanto partir (al-Ayn). Um versículo é o seguinte: “Ó vós que credes! Quando se vos diz: “Dai espaço.”, nas assembléias, dai espaço. Allah vos dará espaço no Paraíso. E, quando se diz: “Erguei-vos.” (nushûz), erguei-vos. Allah elevará, em escalões, os que crêem dentre vós, e àqueles aos quais é concedida a ciência. E Allah, do que fazeis, é Conhecedor. Al Mujadilah 58/11 Quando a palavra nushuz é usada para o marido, significa “deixar a esposa, isto é, divorciar-se”. O versículo relevante é o seguinte: “Se uma mulher teme da partida ou indiferença de seu marido, não há pecado para nenhuma das duas partes em se reconciliarem. O reconciliar-se é melhor. As almas são feitas propensas à insaciabilidade. Se vos comporteis bem e vos abstenhais de cometer erros, (sabei que) Deus está ciente do interior do que fazeis.” An Nissa 4/128 Como este é o caso, a palavra nushuz será necessariamente usada neste versículo para significar “que a mulher deixa seu marido e que se divorciar”.
⁶ O abandono que o homem deixa a esposa sozinha na cama permite que a mulher reveja sua decisão e a impede de engravidar do marido que deseja deixar. Durante esse tempo, o homem não pode mandar sua esposa para fora da casa. A regra de ficar em casa para mulher não é apenas aplicada no divórcio da mulher mas também no divórcio do homem (At Talaq 65/1).
⁷ O significado da raiz da palavra “darb = ضرب”, que significa “deixar em paz”, é “bater sobre algo” ou “fixar algo” (Mufradat). O significado deste verbo, que é usado para quase todos os trabalhos, varia de acordo com a coisa que é batida ou fixada (al-Ayn). Aqui, à palavra precisa dar o significado de que o homem deixa sua esposa sem divórcio após abandonar a cama, com uma expressão melhor, ele não perturba e manda de casa até que sua esposa tome uma decisão final. Porque a desistência da mulher de usar seu direito de divórcio só pode acontecer por seu livre arbítrio. A seguinte parte do versículo mostra isso.
⁸ “Aceitar de coração” é o significado do dicionário de obediência na língua árabe. O oposto é ikrah (Mufradat). Fazer um trabalho como resultado de bater, é fazê-lo sob coerção. A coerção não existe no islã (Al Baqarah 2/256). A frase “se submeterem” que vem após o comando “darb” torna impossível dar o significado de “bater” à palavra. O único significado que pode ser dado a ela é deixar a mulher em casa que quer sair, não forçá-la a sair. Pois, Deus deu às mulheres o direito o direito de se divorciarem de seus maridos como os homens (Al Baqarah 2/229).
Os homens têm autoridade sobre as mulheres, pelo que Allah preferiu alguns a outros¹ e pelo que despendem de suas riquezas. Então, as íntegras são devotas, custódias da honra, na ausência dos maridos, pelo que Allah as custodiou. E àquelas de quem temeis a desobediência, exortai-as, pois, e abandonai-as no leito, e batei-lhes². Então, se elas vos obedecem, não busqueis meio de importuná-las. Por certo, Allah é Altíssimo, Grande.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
¹ Entenda-se a primazia do homem, na sociedade mais propiciada pela força física e pelos encargos de que é investido, do que pelo grau de honra.
² Bater suavemente, cuidando de não atingir-lhes a face nem as partes sensíveis.
Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus dotou uns com mais (força) do que as outras, e pelo o seu sustento do seu pecúlio. As boas esposas são as devotas, que guardam, na ausência (do marido), o segredo que Deus ordenou que fosse guardado. Quanto àquelas, de quem suspeitais deslealdade, admoestai-as (na primeira vez)¹, abandonai os seus leitos (na segunda vez) e castigai-as (na terceira vez); porém, se vos obedecerem, não procureis meios contra elas². Sabei que Deus é Excelso, Magnânimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
¹ No caso de altercação familiar, quatro medidas a serem tomadas, são mencionadas: talvez conselhos verbais ou admoestações sejam suficientes; se noa, as relações sexuais deverão ser suspensas; se isso não bastar algum leve castigo físico deverá ser ministrado, embora todas as autoridades sejam unânimes em deprecar qualquer espécie de crueldade; se nada disto der certo; é recomendado um conselho familiar (versículo 35 desta surata).
² O mau-humor, o queixume, o sarcasmo, o ato de falar um do outro na presença de outras pessoas, referindo-se a erros passados que deveriam ser esquecidos e perdoados, tudo isso é proibido. E a razão fornecida constitui a característica do Islam. Devemos viver toda a nossa vida como se estivéssemos na presença de Deus, Que está nas alturas, muito acima de nós, mas Que vela por nós.
Os homens têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e por que gastam de suas posses para sustentá-las. As boas esposas são obedientes e guardam sua virtude na ausência de seu marido conforme Deus estabeleceu. Aquelas de quem temeis a rebelião, exortai-as, bani-as de vossa cama e batei nelas. Se vos obedecerem, não mais as molesteis. Deus é elevado e grande.
(Mansour Challita, 1970)
Os homens são curadores das mulheres porque Allah fez com que um deles superasse o outro, e porque eles despendem da sua riqueza. De modo que mulheres virtuosas são as que são obedientes, e guardam os segredos de seus maridos com a proteção de Allah. E quanto aqueles de cuja parte vós receais desobediência, admoestai-os e deixai-os a sós nas suas camas, e castigai-os. Se eles então vos obedecerem, nada procurai fazer contra eles. Por certo, Allah é Alto e Grande.
Concedemos a todos o direito de serem herdeiros do que seus pais e parentes mais próximos deixam[¹]. Mas, primeiro, concedei a porção² daqueles (cônjuges)³ com quem foi feito contrato forte.
[²] O “contrato forte” não pode ser senão o contrato de casamento(An Nissa 4/20 – 21), uma vez que quem com ele ganha o direito de ser herdeiros são apenas os cônjuges (An Nissa 4/12). Os herdeiros e as ações que receberão foram determinados por Deus, e foi relatado que aqueles que excederem os limites fixados por Ele serão severamente punidos. Este versículo ordena que as partes dos cônjuges sejam dadas em primeiro lugar, e as partes restantes a ser compartilhadas com os herdeiros da família conforme determinado. Visto que o versículo é mal interpretado, surgiram desequilíbrios nos quais a soma das ações excede o denominador comum. Esse desequilíbrio, chamado de “awliya” em fiqh, é resolvido aumentando o denominador e igualando-o à ação. Isso faz com que algumas das partes dos cônjuges passem para outros herdeiros. Por exemplo, se um homem morre, sua mãe, pai, esposa e duas filhas ficam, de acordo com este versículo, depois que ⅛ da herança é dada à sua esposa, ⅔ do restante para suas filhas, ⅙ para sua mãe, e ⅙ para seu pai é dada. Para isso, a herança é dividida em 48 partes, sendo 6 partes para sua esposa, 7 , para sua mãe, 7 partes para seu pai, 14 para a primeira filha e 14 para a segunda filha. As seitas dividem a herança em 24, dando 3 partes para o cônjuge, 4 para a mãe, 4 partes para o pai, 8 para a primeira filha e 8 partes para a segunda filha, aumentando o total de partes para 27. Como 24 não pode ser dividido por 27, eles aumentam o denominador para 27 e a participação das mulheres diminui de ⅛ para ¹/9. Se este versículo tivesse sido seguido, um desequilíbrio se chama awliya não teria surgido.
[³] Iltifat, que significa literalmente “tornar para um lado”, é uma arte na literatura árabe. Uma das características estilísticas óbvias desta arte é o uso de mudanças gramaticais de um pronome pessoal para outro de forma inesperadamente (por exemplo, terceira pessoa para segunda ou primeira pessoa para segunda e para terceira pessoa) para enfatizar a expressão. Às vezes, os tempos das frases consecutivas podem ser alterados do tempo contínuo para o futuro, ou do tempo futuro para passado, etc. Estas são aprovadas como práticas retóricas em árabe, semelhantes às práticas de alguma literatura europeia. Às vezes, o sujeito da sentença pode mudar de singular para plural para expressar a majestade (por exemplo, usando Nós em vez de Eu). Estes são aprovados como práticas retóricas em árabe, semelhantes às práticas em alguma literatura europeia. Todas as línguas têm seus próprios estilos de expressão. Esta prática do árabe confunde o falante do português. Portanto, em muitos dos seus incidentes, as expressões foram traduzidas para português, desconsiderando esta arte literal.
E, para cada um, fizemos herdeiros do que os pais e os parentes deixam[¹]. E aqueles com quem firmastes pacto, concedei-Ihes sua porção. Por certo, Allah, de todas as cousas, é Testemunha.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Este versículo vem para anular um costume, muito comum entre os árabes pré-islâmicos, que consistia em constituir qualquer pessoa, fora da família, herdeira dos bens de alguém, após sua morte, seja pela amizade ou pelo companheirismo que os unis. Com este versículo, o Alcorão fez preservar os direitos dos herdeiros legítimos.
A cada qual instituímos a herança de uma parte do que tenham deixado seus pais e parentes. Concedei, a quem vossas mãos se comprometeram[¹], o seu quinhão, porque Deus é testemunha de tudo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Quando a emigração de Makka para Madina tomou corpo, vínculos e laços de amizade foram estabelecidos entre os emigrantes e os socorredores, passando ambos a compartilhar a herança uns dos outros. Mais tarde, quando a Comunidade foi solidamente estabelecida e as tensões com aqueles que haviam ficado para trás, em Makka, foram diminuídas, tanto os direitos dos parentes consangüíneos em Makka, como os da irmandade socorredora em Madina, foram salvaguardados. O significado mais generalizado é semelhante: respeitai os vossos laços consangüíneos, de fraternidade, de pacto amigável e de compreensão.
A cada um de vós, destinamos uma parte legítima da herança dos pais e dos parentes próximos e daqueles a quem vos liga uma aliança. Dai, pois, a cada um sua porção. Deus é testemunha de tudo.
(Mansour Challita, 1970)
E a cada um Nós temos designado herdeiros para o que os seus pais e parentes deixem, e também aqueles com quem os vossos juramentos ratificaram um contrato. De modo que dai-lhes o seu quinhão. Por certo, Allah vigia todas as coisas.
Não cobiceis aquilo com que Deus fez alguns de vós superior a outros¹. Há para os homens, uma porção do que ganham, e há para as mulheres, uma porção do que ganham. Pedi a Deus a seu favor. Deus é Onisciente.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Essas são as qualidades superiores que Deus deu a cada ser humano, homem ou mulher. Quanto mais as pessoas descobrem esses recursos, mais eles se destacam. Além disso, as mulheres receberam características que os homens não possuem, e os homens receberam características que as mulheres não possuem. Assim, eles se complementam e garantem que a vida seja vivida em harmonia.
E não aneleis aquilo por que Allah preferiu alguns de vós a outros¹. Há, para os homens, porção do que logram, e há, para as mulheres, porção do que logram. E pedi a Allah algo de Seu favor. Por certo, Allah, de todas as cousas, é Onisciente.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Este versículo atenta para a equidade social, pois convida os moslimes a não terem inveja uns dos outros, porque Deus é Quem distribui o sustento, de acordo com Sua sabedoria, que é onisciente. Só Deus sabe o que beneficia o homem e o que o prejudica. Este versículo relembra, também, que as mulheres não devem ter inveja dos homens nem estes, destas e salienta que homens e mulheres são iguais como seres humanos e que as mulheres podem trabalhar para disso auferir ganho.
Não ambicioneis aquilo com que Deus agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou) outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem[¹]; assim, também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Deus que vos conceda a Sua graça, porque Deus é Onisciente.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Tanto os homens como as mulheres desfrutam das dádivas divinas, alguns mais que os outros. Isso poderá parecer injusto, mas é-nos assegurado que a Providência distribuiu as pessoas segundo um esquema, pelo qual todos recebem aquilo a que fazem jus. Se isso não nos parece muito claro, lembremo-nos de que não temos pleno conhecimento, mas Deus sim. Não devemos ficar enciumados se outras pessoas têm mais do que nós, seja em riqueza, posição ou poderio, talento ou felicidade. Talvez as coisas sejam igualadas no todo, a curto ou a longo prazo, ou equacionadas segundo as necessidades e méritos, numa escala da qual não nos podemos aperceber.
Não cobiceis o que Deus deu a uns mais do que a outros dentre vós. Aos homens um quinhão do que tiverem ganho e às mulheres um quinhão do que tiverem ganho. Rogai antes a Deus que vos conceda de Sua generosidade. Deus é testemunha de tudo.
(Mansour Challita, 1970)
E não cobiçai aquilo com que Allah fez alguns de vós sobressair a outros. Os homens terão uma cota do que tiverem merecido, e as mulheres uma cota do que tiverem merecido. E pedi a Allah da Sua beneficência. Por certo, Allah tem perfeito conhecimento de todas as coisas.
Se evitais os grandes pecados, de que sois coibidos, remir-vos-emos as más obras e far-vos-emos entrar em entrada nobre.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Se evitardes os grandes pecados, que vos estão proibidos, absorver-vos-emos das vossas faltas e vos proporcionaremos digna entrada (no Paraíso).
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Se evitardes os grandes pecados que vos foram proibidos, absolver- vos-emos de vossos delitos menores e proporcionar-vos-emos uma entrada condigna no Paraíso.
(Mansour Challita, 1970)
Se vos mantiverdes afastados das coisas mais nocivas que vos são proibidas, Nós removeremos de vós os vossos pecados menores e admitir-vos-emos a um lugar de grande honra.
Ó vós que credes e confiais! Não devoreis vossos bens, entre vós, por meios falsos![¹] Podeis devorar[²] somente por comércio consensual[³]. Não vos mateis; Deus é Misericordioso para convosco.
[²] Aqui, a preposição الا = necessariamente tem o significado de “istisna’ munkati’”.
[³] Comércio é a compra e venda de bens e serviços. Isso deve ser feito pelo livre arbítrio das partes. Certa vez, os preços subiram em Medina e as pessoas pediram ao Profeta que estabelecesse um narh. Narh é a determinação pela autoridade competente de quanto um bem pode ser vendido. O Profeta (saws) disse: “É Deus quem determina os preços, estreita, amplia e dá sustento. O que eu realmente quero é encontrar meu Senhor sem um pedido de mim devido a uma injustiça em relação ao sangue e aos bens de um de vocês ”(Tirmidhi, Buyu’, 73). O significado desta palavra é o seguinte: Os preços são formados de acordo com as regras estabelecidas por Deus neste versículo. Qualquer intervenção contrária a isso é crueldade. A intervenção do Estado resulta em menos mercadorias chegando ao mercado, contração, fome e mercado negro. O aumento dos preços no mercado livre é o melhor indicador de barateamento. Porque quem fica sabendo que os preços estão subindo traz mercadorias para lá, e a abundância e o barato começam em pouco tempo.
Ó vós que credes! Não devoreis, ilicitamente, vossas riquezas, entre vós, mas é lícito existir comércio de comum acordo entre vós. E não vos mateis[¹]. Por certo, Allah, para convosco, é Misericordiador.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] E não vos mateis: os que devoram os bens alheios, ilicitamente, não só causam a ruína social, mas sua própria ruína. Há os que interpretam como ordem contra o homicídio e o suicídio.
Ó fiéis[¹], não consumais reciprocamente os vossos bens, por vaidades, realizai comércio de mútuo consentimento e não cometais suicídio, porque Deus é Misericordioso para convosco.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Parafraseemos este versículo, porquanto ele contém um profundo significado: Todas as vossas propriedades, tende-las em custódio, quer estejam em vosso nome, quer pertençam à comunidade, quer pertençam a pessoas sobre quem tenhais controle. Constitui erro e desperdício. No versículo 188 da 2ª Surata, a mesma frase apareceu, acautelando-nos à cupidez. Aqui ela aparece para nos encorajar a aumentar os nossos bens pelo uso moderado dos mesmos. Somos admoestados, no sentido de que o desperdício poderá levar-nos à nossa própria destruição.
Deus quer aceitar vosso arrependimento, enquanto os que são dominados pelas paixões procuram desencaminhar-vos de maneira bem grave.
(Mansour Challita, 1970)
Oh vós que credes, não devorai os vossos bens entre vós próprios por meios ilegais, exceto aquilo que vós ganhais por comércio com mútuo consentimento. E não vos matai a vós próprios. Por certo Allah é misericordioso para convosco.
Deus quer aceitar vosso arrependimento (vossa volta), e os que seguem seus desejos querem que vos caiais em uma grande perversão[¹].
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Iradah é querer e desejar. Acredita-se que a vontade de Deus é eterna e que o que Ele quiser se realizará. Os versos mostram claramente que essa crença é falsa. Uma coisa acontece não apenas com a vontade de Deus, mas com a ordem de “sê” a ser dada segundo Sua vontade (Yasin 36/82). Quando Deus ordena “sê”, sua vontade se transforma em “mashiyya – المشيئة”, e isso definitivamente acontece (Al An’am 6/149, An Nahl 16/9). Ele dá essa ordem sobre a prova das pessoas apenas para aqueles que fazem o que é necessário (Ar Ra’d 13/27, Taha 20/82). Se Deus não tivesse feito tal regra, de acordo com a seguinte declaração, todo incrédulo deveria ser um crente e todo pecador deveria estar arrependido. “Deus quer vos mostrar tudo claramente, vos guiar aos caminhos retos dos que foram antes de vós, e aceitar vossos arrependimentos.
E Allah deseja voltar-se para vós; e os¹ que seguem a lascívia desejam que vos desvieis, com formidável desviar.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Os: idólatras, hipócritas e judeus de Al Madínah, que não se agradaram de algumas proibições relativas ao casamento nem dos preceitos alcorânicos atinentes à herança das mulheres, das viúvas, etc.
Deus deseja absolver-vos; porém, os que seguem os desejos vãos anseiam vos desviar profundamente.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Allah deseja voltar-Se para vós com misericórdia, mas os que seguem o seu baixo desejo querem que vos extravieis para longe.
Deus quer vos mostrar tudo claramente, vos guiar aos caminhos retos[¹] dos que foram antes de vós, e aceitar vossos arrependimentos. Deus é Onisciente e cujas decisões são corretas.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] A palavra que traduzimos como “caminhos retos” é o plural de “sunna= السنة” é “sunan= سنن”. Este conceito expressa o caminho certo que todos os profetas seguem. Quem não segue esse caminho, perde (Al Isra 17 / 76 – 77, Al Kahf 18/55). Visto que sunna é o caminho determinado por Deus, é mencionado em três versos como sunnatullah/ sunnah de Deus (Al Ahzab 33/38, 62, Al Fath 48/23).
Allah deseja tornar evidente, para vós, o que não sabeis, e guiar-vos aos procedimentos dos que foram antes de vós, e voltar-se para vós. E Allah é Onisciente, Sábio.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Deus tenciona elucidar-vos os Seus preceitos, iluminar-vos, segundo as tradições do vossos antepassados, e absolver-vos, porque é Sapiente, Prudentíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Deus quer esclarecer-vos e guiar-vos pelo exemplo dos que vos precederam, e aceitar vosso arrependimento. Deus é conhecedor e sábio.
(Mansour Challita, 1970)
Allah deseja tornar-vos claros os caminhos dos que foram antes de vós, e para eles vos guiar, e voltar-Se para vós com misericórdia. E Allah é Todo-Conhecedor, Sábio.
Quem de vós que não são influentes suficiente para esposar as crentes livres castas[¹] podem esposar vossas garotas crentes cativas, sob vosso domínio. Deus é Quem melhor conhece a vossa fé. Vós sois todos uns dos outros[²]. Esposai elas com a permissão de suas famílias[³] e dai a elas seus dotes em conformidade com ma’ruf (as medidas do Alcorão), com a condição de que sejam castas, fiquem longe de adultério e não tenham amantes. Depois de estarem casadas[⁴] se cometem adultério o castigo a ser dado a elas é a metade do castigo das casadas livres[⁵]. Esta licença[⁶] é para quem de vós temer de entrar em um impasse (considerando que não pode se casar). É melhor pacientardes (ficardes firmes). Deus é Aquele que muito perdoa e cuja graça é abundante.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] De acordo com este versículo, um homem que pode se casar com uma mulher livre, não pode se casar com uma mulher cativa. Uma pessoa que tem uma esposa livre, não pode casar com uma cativa. Se ele quiser se casar, ele deve libertar ela primeiro (Muhammad 47/4), e depois se casar. Ele pode concordar com ela que o resgate que pagou é considerado dote. O Profeta Muhammad se casou com as cativas, Juwayriyah, Safiyya e Rayhan, depois de dar liberdade a elas. Mariya, que foi dada ao Profeta Muhammad como fa’y e que não era prisioneira de guerra, com o versículo Al Ahzab 33/50 especificamente tornado lícito para ele (At Tahrim 66/1 – 2).
[²] Toda mulher é filha de um homem e todo homem é filho de uma mulher (Al Hujurat 49/13).
[³] Prisioneiros de guerra são distribuídos às famílias e tratados como membros da família (An Nur 24/58 – 59). A família com a qual vive é considerada a família do prisioneiro. A autoridade da família se limita a apenas supervisionar o casamento. Uma garota / mulher cativa decide se casar por sua própria vontade e também tem o dote a ser pago pelo marido.
[⁴] Conforme afirmado na nota de rodapé do versículo anterior, todas as mulheres, independentemente da distinção entre livres e prisioneiras, casadas e solteiras, são descritas como “muhsana”, ou seja, protegidas como se estivessem dentro do castelo, e relações extraconjugais não eram permitidas. Como estes dois versos e versos de An Nisa 4/3, An Nur 24/32 –33 mostram claramente, a sexualidade da mulher cativa não pode ser beneficiada por nenhum outro meio que não o casamento. Este versículo deixa o casamento da mulher cativa à sua própria vontade como uma mulher livre e atribui o dever de supervisionar o casamento à família com a qual ela está. De acordo com este versículo e o versículo Al Baqarah 2/232, a autoridade da família se limita a verificar se a decisão da mulher cativa está de acordo com os padrões do Alcorão. O Profeta expressou o decreto comum de todos os versículos relevantes da seguinte forma: “Se (a mulher que deseja se casar) não concordar com seu wali, o sultão (pessoa autorizada) é o wali daquele que não tem wali (Abu Dâvud Nikâh 26; Ibn Mâce Nikâh 12; Nesâî Nikâh 35). Como toda mulher, a mulher cativa também cai sob a proteção de seu marido com o casamento e torna-se muhsana novamente no sentido de uma mulher casada.
[⁵] O castigo para o adultério é 100 jalda, cem chibatadas. Aqueles que cometem esse crime recebem metade do castigo entre as mulheres que não são livres. Não há castigo de apedrejamento (rajm) para homens e mulheres que cometem adultério no Alcorão. Nem pode haver metade do castigo por apedrejamento (An Nur 24/2 e 4).
[⁶] A licença para casar com mulheres não livres de acordo com as regras declaradas no versículo. De acordo com esse versículo, se uma pessoa que pode se casar com uma mulher cativa não pode se casar sem lhe dar liberdade.
E quem de vós não pode, pelas posses, esposar as crentes livres, que ele tome mulher dentre as jovens crentes que possuís. E Allah é bem Sabedor de vossa fé. Procedeis uns dos outros[¹]. Então, esposai-as com a permissão de seus amos, e concedei-lhes seu mahr[²] convenientemente, sendo elas castas, não adúlteras e não tendo amantes. E, quando casadas, se, então, cometem obscenidade, caber-lhes-á a metade do castigo das mulheres livres. Isso, para quem de vós recear o embaraço do adultério. E pacientardes vos é melhor. E Allah é Perdoador, Misericordiador
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Ou seja, todos são iguais, na sociedade islamica, sejam escravos ou senhores. [²] Cf.IV 4 n3.
E quem, dentre vós, não possuir recursos suficientes para casar-se com as fiéis livres, poderá fazê-lo com uma crédula, dentre vossas cativas fiéis[¹], porque Deus é Quem melhor conhece a vossa fé — procedeis uns dos outros; casai com elas, com a permissão dos seus amos, e dotai-as convenientemente, desde que sejam castas, não licenciosas e não tenham amantes. Contudo, uma vez casadas, e incorrerem em adultério, sofrerão só a metade do castigo que corresponder às livres; isso, para quem de vós temer cair em pecado. Mas se esperardes, será melhor; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Ou seja, cativas tomadas durante o Jihad: “As que tendes à mão” não significa, necessariamente, que elas estejam comprometidas convosco, ou que sejam propriedade vossa. Tudo o que é capturado, na guerra, pertence à comunidade e é nesse sentido que elas são “vossas”. Se procurarem tais pessoas, para com elas se casarem, não o façam por motivos vis. O cativeiro está, agora, ultrapassado, no verdadeiro espírito do Islam. Contudo, há outras condições, nas quais a liberdade de uma mulher (ou de um homem) é restrita, e o princípio também se aplica aqui.
Aqueles dentre vós que não têm posses para desposar mulheres crentes e livres, deixai-os desposar as crentes jovens que legalmente possuís. Deus conhece vossa fé. Todos vós procedeis uns dos outros. Desposai-as com a autorização dos seus donos e pagai-lhes os dotes convencionais como mulheres honradas e não como libertinas ou angariadoras de homens. Se depois de casadas, incorrerem em adultério, sofrerão só a metade do castigo prescrito para as mulheres livres. Esse casamento com servas é permitido para quem receia cometer fornicação. Contudo, melhor para vós seria abster-vos. Deus é indulgente e misericordioso.
(Mansour Challita, 1970)
E quem quer de entre vós que não se possa permitir casar com mulheres livres, crentes, que ele case com o que a sua mão direita possuir, isto é, com as suas servas crentes. E Allah sabe bem qual é a vossa fé. Vós vindes todos uns dos outros; de modo que casai com elas com licença de seus guardiões e dai-lhes os seus dotes em conformidade com o que é justo, sendo elas castas, não perpetrando fornicação, nem tendo amantes secretos. E se, depois de estarem casadas, se tomarem culpadas de lascívia, elas terão metade do castigo prescrito para as mulheres livres. Isto é para aquele de entre vós que tema a possibilidade de cair em pecado. E que vos restrinjais, é melhor para vós: e Allah é o Mais Generoso, Misericordioso.
Também vos é proibido esposardes as mulheres casadas.¹ Porém, podeis se casar com quem entra sob vosso domínio(prisioneiras de guerra), embora casadas.² Esses são os decretos que Deus escreveu para vós. Outras mulheres; vos é lícito com a condição de que sejais castos, fiqueis distante de adultério e deis seus dotes. Dai-lhes seus dotes³ na quantia que determinastes no caso se desfrutardes³ alguma delas. Não há problema em concordar com outro valor após determinar o dote. Deus sabe, ele toma as decisões certas.
(Fundação Suleymaniye)
¹ Todas as mulheres que protegem sua castidade, independentemente de serem muçulmanas – descrentes, livres – cativas, casadas – solteiras, também são protegidas pelas disposições do Alcorão e são chamadas de “muhsana”, ou seja, mulheres que são preservados como se estivessem dentro do castelo. Essa palavra é mencionada em Al Maidah 5/5 para mulheres livres, e em An Nissa 4/25 para prisioneiras de guerra. Os versos An Nur 24/4 e 24/23 abrangem ambas. Junto com o casamento, a mulher fica sob a proteção do marido e volta a ser muhsana mais uma vez. Neste versículo, muhsana é usada para significar mulher casada.
² É haram casar com mulheres que são contadas até este ponto, começando com a ordem “Não esposeis as mulheres que vossos pais esposaram”. Este versículo aprova o casamento com cativas casadas. Porque de acordo com Muhammad 47/4, prisioneiros de guerra não podem ser escravizados; é necessário libertá-los mutuamente (por meio de resgate) ou sem pagamento. As mulheres que não foram libertadas sem ser correspondidas e cujos resgates não foram pagos foram autorizadas a escapar do cativeiro abrindo o caminho para o casamento.
³ A palavra que traduzimos como “seus dotes” é “أجور = ajr”, o plural de “أجر =ujur “. Ajr é o que se merece pelo trabalho realizado. O dote que a mulher merece em troca de seu contrato de casamento é denominado ajr como metáfora (Mufradat). Apesar disso, a integridade interna, o significado, a relação com outros versos e as regras da língua árabe do verso An Nissa 4/24foram violados, e o fatwa para Casamento Provisório (Mut’a) foi emitido nesta parte do verso. Aqueles que fazem isso apreciam o pronome “هِ =ele” na expressão فَمَا اسْتَمْتَعْتُم بِهِ como “obter em qualquer forma” e extrem evidências para Casamento Provisório (Mut’a). Porém, a partir do verso An Nissa 4/22, fala-se em casamento, não em aquisição de mulher. Portanto, o pronome “هِ =ele” que na expressão فَمَا اسْتَمْتَعْتُم بِهِ vai para casamento. Assim, embora o Alcorão menciona um casamento único, o xiita distorce as expressões no versículo e diz que esse tipo de casamento temporário existe no Islã e até mesmo sua implementação é uma boa ação. A esse respeito, Ahl as-Sunnah afirma que o casamento Muta existia no Islã, mas foi posteriormente abolido por Umar (r.a.). A opinião comum deles sobre o assunto é a seguinte: “O casamento muta, que era praticado muitas vezes como licença no tempo do Profeta, foi estritamente proibido por Umar com um ijtihad altamente preciso.” Eles também afirmam que nosso Profeta disse o seguinte sobre este assunto: “Estávamos lutando com o Mensageiro de Deus, não tivemos nossas mulheres conosco,” perguntamos: “Não podemos nos castrar? ” Ele proibiu o eunuco e depois permitiu que nos casássemos temporariamente em troca de um pedaço de tecido. ” (Muslim Nikah 11.)
⁴ Este versículo revela que se é entrado em núpcia, é dever do homem dar o dote, que é determinado antes ou durante o casamento, e que é direito da mulher recebê-lo. Portanto, se um homem se divorciar de sua esposa após a determinação do dote e após a núpcia, ele não pode deduzir nem um único centavo da sua dívida dote (Al Baqarah, 2/228; An Nissa 4/20). Ver para outras disposições relativas a dote no caso de divórcio Al Baqarah, 2/236 – 237; Al Ahzab 33/49.
E vos é proibido esposardes as mulheres casadas, exceto as escravas que possuís.¹ É prescrição de Allah para vós. E vos é lícito, além disso, buscardes mulheres com vossas riquezas, para as esposardes, e não para cometerdes adultério. E, àquelas, com as quais vos deleitardes, concedei-lhes seu mahr² como direito preceituado. E não há culpa sobre vós, pelo que acordais, mutuamente, depois do preceituado. Por certo, Allah é Onisciente, Sábio.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
¹ Cf. IV 3 n2.
² Cf. IV 4 n3.
Também vos está vedado desposar as mulheres casadas, salvo as que tendes à mão.¹ Tal é a lei que Deus vos impõe. Porém, fora do mencionado, está-vos permitido procurar, munidos de vossos bens, esposas castas e não licenciosas.² Dotai convenientemente ³ aquelas com quem casardes, porque é um dever; contudo, não sereis recriminados, se fizerdes ou receberdes concessões, fora do que prescreve a lei, porque Deus é Sapiente, Prudentíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
¹ "As que tendes à mão", isto é, as cativas da guerra contra aqueles que perseguem a fé, e sob as ordens de um Imam virtuoso (Jihad). Em tais casos, as hostilidades dissolveram os laços civis. Por outro lado, era permitido o casamento com as cativas casadas, desde que não se conhecesse o paradeiro dos maridos. Contudo, se ambos estivessem juntos, o Islam não permitia o casamento com ela.
² Depois das uniões proibidas, o versículo continua a dizer que outras mulheres, que não aqueles especificadas, devem ser procuradas para o casamento; mesmo assim, não por motivos de luxúria, mas a fim de preservar a castidade entre os sexos. O casamento, no original árabe, está aqui descrito por uma palavra que sugere fortalecimento (ihsan); o casamento é, portanto, o fortalecimento da castidade.
³ Assim como a mulher submete a sua pessoa no casamento, o homem também deve submeter (menos parte da sua independência), pelo menos alguns dos seus bens, de acordo com as suas posses. E isto propicia a Lei do Dote. É fixado um dote mínimo, não sendo, porém, necessário apagar-se a esse mínimo, quanto à nova relação criada.
Estão-vos proibidas as mulheres casadas, exceto as cativas que, por direito, possuís. Tal é a lei de Deus. São lícitas para vós todas as outras que não foram mencionadas. Podeis procurá-las com vossas riquezas para o casamento e não para a libertinagem. Às mulheres de que gozastes, dai as pensões devidas. E não sereis censurados pelo que for livremente convencionado entre vós, além das prescrições legais. Deus é conhecedor e clemente.
(Mansour Challita, 1970)
E vedadas vos são mulheres casadas, exceto as que a vossa mão direita possuir. A isto vos obriga Allah. E permitidas vos são as que ficam além disso, que as obtenhais por meio dos vossos bens, casando com elas devidamente e não perpetrando fornicação. E pelo benefício que da sua parte recebeis, dai-lhes os seus dotes, conforme fixado, e não haverá pecado para vós em qualquer coisa em que mutuamente vos ponhais de acordo, depois do dote ter sido fixado. Por certo, Allah é Todo-Conhecedor. Sábio.
É-vos proibido (casar com[¹]): vossas mães[²], vossas filhas, vossas irmãs, vossas tias paternas, vossas tias maternas, as filhas de vosso irmão, as filhas de vossa irmã, vossas amas de leite, vossas irmãs de leite[³], as mães de vossas mulheres, vossas enteadas (de casamentos anteriores) de vossas mulheres com quem entrastes em núpcias e já são consideradas da vossa família[⁴]. Porém, se separastes sem entrar em núpcias, não haverá pecado em casar com elas. Também é-vos proibido se casar com as esposas de vossos filhos da vossa linhagem e ser casado com duas irmãs ao mesmo tempo. O que passou, passou. O perdão de Deus é muito, sua graça é abundante.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] É claramente entendido tanto neste versículo como nos versículos que se seguem que o que é proibido é o casamento.
[²] A frase “vossas mães” inclui não apenas a mãe, mas também a avó (paterna ou materna), a bisavó etc. Da mesma forma, todos os avós também estão na condição de seu próprio pai.
[³] Uma criança que mama em uma mulher se torna o filho de leite dessa mulher, e a criança nascida ou amamentada por essa mulher se torna um irmão de leite, e uma barreira eterna ao casamento surge entre eles. No entanto, esta proibição não abrange os irmãos do lactente que não amamentam o leite desta mulher. Por esse motivo, desenvolveu-se a regra de fiqh de que “a alma de quem mama (isto é, apenas ele mesmo) é proibida para a geração de um amamentadora”. De acordo com isso, quando uma mulher amamenta alguém que não é seu filho, só esse filho se torna seu bebê de leite. Para que o parentesco com o leite surja, a mulher deve amamentar uma criança com idade entre 0-2 (Al Baqarah 2/233).
[⁴] Todo mundo tem direito de entrar na casa da mãe (An Nur 24/61). Se a mãe ficar viúva e casar com outra pessoa, a casa alocada pelo novo cônjuge deve ficar sozinha com ela em local fechado para ser considerada casa dela (An Nissa 4 / 20 – 21). Depois disso, Deus conta a filha daquela mulher como a própria filha deste novo marido e a coloca entre aqueles que estão proibidos de se casar e remove o obstáculo para ela entrar naquela casa.
É-vos proibido esposardes vossas mães, e vossas filhas, e vossas irmãs, e vossas tias paternas e vossas tias maternas, e as filhas do irmão e as filhas da irmã, e vossas amas-de-leite, e vossas irmãs-de-leite, e as mães de vossas mulheres, e vossas enteadas, que estão em vossa proteção, filhas de vossas mulheres, com as quais consumais o casamento- e, se não haveis consumado com elas, não há culpa sobre vós – e as mulheres de vossos filhos, procriados por vós; e vos é proibido vos juntardes, em matrimônio, a duas irmãs, exceto se isso já se consumou. Por certo, Allah é Perdoador, Misericordiador
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Está-vos vedado casar com[¹]: vossas mães[²], vossas filhas, vossas irmãs, vossas tias paternas e maternas, vossas sobrinhas, vossas nutrizes, vossas irmãs de leite[³], vossas sogras, vossas enteadas, as que estão sob vossa tutela[⁴] — filhas das mulheres com quem tenhais coabitado; porém, se não houverdes tido relações com elas, não sereis recriminados por desposá-las. Também vos está vedado casar com as vossas noras, esposas dos vossos filhos[⁵] carnais, bem como unir-vos, em matrimônio, com duas irmãs[⁶] — salvo fato consumado (anteriormente) —; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Esta tabela de uniões proibidas concorda, em essência, com o que é costumeiramente aceito por todas as nações, exceto no que diz respeito aos mínimos detalhes. Ela se inicia no versículo anterior (com as viúvas ou as divorciadas, em relação ao pai). O diagrama é esquematizado na conjectura de que a pessoa que pretende se casar seja homem; se for mulher, aplicar-se-á o mesmo diagrama; ler-se-á, então: “vossos pais, vossos filhos, vossos irmãos, etc.”; ou poder-se-á, sempre, lê-lo do ponto de vista da relação do marido, porquanto haverá sempre um marido em concernência.
[²] Por “mãe” compreende-se, também, a avó (paterna ou materna), a bisavó etc.; por “filha” compreende-se, também, a neta (por parte do filho ou filha), a bisneta etc.; por “irmã” compreende-se a irmã legítima ou a meio-irmã; “tia, por parte do pai” compreende a tia-avó etc.; “tia, por parte de mãe” compreende a tia-avó etc.
[³] As relações lactárias desempenham um importante papel na Lei muçulmana e são consideradas como relações consangüíneas; parece-nos, portanto, que não somente mães e irmãs adotivas, mas ainda tias adotivas etc., enquadram-se nas uniões proibidas.
[⁴] É geralmente aceito (sem unanimidade) que “sob vossa tutela” seja uma descrição, não uma condição. Portanto, uma enteada que esteja “sob vossa tutela” enquadrar-se-á na proibição, se a outra condição (sobre a mãe) for preenchida.
[⁵] Por “filhos”, compreende-se os netos, mas excluem-se os filhos adotivos ou pessoas consideradas como tais, em decorrência das palavras “vossos filhos carnais”.
[⁶] A barreira do casamento conjunto com duas irmãs aplica-se também, à tia e à sobrinha conjuntas, mas não à irmã da esposa falecida.
Estão-vos proibidas vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs, vossas tias paternas e maternas, vossas sobrinhas, vossas madrastas que vos amamentaram, vossas irmãs de leite, vossas sogras, vossas enteadas que estão sob vossa proteção, nascidas de mulheres nas quais penetrastes — se não tiverdes penetrado nelas, não sereis censurados — e as mulheres de vossos filhos gerados por vós. Está-vos proibido também casar-vos com duas irmãs, exceto em casos já consumados. Deus é perdoador e clemente.
(Mansour Challita, 1970)
Vedadas vos são as vossas mães, e as vossas filhas, e as vossas irmãs, e as irmãs de vossos pais, e as irmãs de vossas mães, e as filhas de vossos irmãos, e as filhas de vossas irmãs, e as vossas mães adotivas que vos tenham dado de mamar, e as vossas irmãs de leite, e as mães de vossas esposas, e as vossas enteadas, que são vossas tuteladas, por vossas esposas com quem vós tendes deitado -nuas se não vos tiverdes deitado com elas, não haverá para vós pecado algum— e as esposas de vossos filhos que sejam do vosso sangue; e é-vos vedado casar com duas irmãs juntamente, com exceção do que já passou; por certo, Allah é o Mais Generoso, Misericordioso.
Não esposeis as mulheres que vossos pais esposaram. O que passou, passou. Isso era uma obscenidade, uma abominação e um mau caminho.
(Fundação Suleymaniye)
E não esposeis as mulheres que vossos pais esposaram, exceto se isso já se consumou. Por certo, isso é obscenidade e abominação. E que vil caminho!
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Não vos caseis com as mulheres que desposaram os vosso pais — salvo fato consumado (anteriormente) — porque é uma obscenidade, uma abominação e um péssimo exemplo[¹].
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Na época da idolatria, os homens casavam-se com suas madrastas viúvas.
E não vos caseis com as mulheres que foram esposas de vossos pais, exceto em casos já consumados. Seria uma abominação, uma obscenidade e um péssimo comportamento.
(Mansour Challita, 1970)
E não casai com as mulheres com quem vossos pais foram casados, com exceção do que já passou. Ê uma coisa impura e detestável, e uma maneira de pecado,
Como podeis tomar o que destes? Elas receberam (com casamento) um forte compromisso[¹] , de vós, e ficastes a sós um com o outro.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Crianças podem ser casadas pelos pais de acordo com todas as seitas. Além disso, os Shafiis, Malikis e Hanbalis afirmam que a menina virgem pode se casar por seu pai sem perguntar a ela; Hanafis também aceita que o casamento realizado sob pressão é válido. O versículo é uma das evidências claras da invalidade de tais casamentos, visto que uma mulher casada desta forma não pode ter um compromisso forte com seu marido.
E como o tomaríeis, enquanto, com efeito, vos unistes um com o outro, intimamente, e elas firmaram convosco sólida aliança[¹]?
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Ao cognominar o casamento de sólida aliança, o Islão elevou a união a um grau de dignidade, jamais atingido anteriormente, afastando-o da idéia de contrato de venda, aluguel ou escravidão, tão comum nos tempos pré – islâmicos. Note-se que a expressão sólida aliança sugere que o casamento exige de ambos os cônjuges amor, dedicação, carinho, que os unirão solidamente.
E como podeis tomá-lo de volta depois de haverdes convivido com elas íntima e mutuamente, se elas tiveram, de vós, um compromisso solene?
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
E como o retomarieis após terdes convivido intimamente e terdes sido unidos por um juramento solene?
(Mansour Challita, 1970)
E como podeis tomá-lo logo que um de vós esteve a sós com o outro, e elas (as mulheres) receberam um forte contrato da vossa parte?
Se desejais deixar um cônjuge e se casar com outro, nada tomeis nada, mesmo que haveis dado um monte de bens para aquela que deixastes. Tomareis difamando ou cometendo flagrante pecado[¹] ?
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Se um homem afirma que sua esposa cometeu adultério, a oportunidade de provar sua afirmação com um julgamento especial é dada para ele, e a oportunidade de se defender e absolver é dada para a mulher (An Nur 24/6 – 10). Desta forma, o homem não pode tomar nada de sua esposa; mas para receber de volta o dote e presentes que deu, ele pode pressionar sua esposa a usar seu direito ao divórcio (Al Baqarah 2/229), dizendo, no caso contrário, ela entrará com um processo no judiciário alegando que ela cometeu adultério. Aqueles que fazem isso irão caluniar e cometer um grande pecado.
E, se desejais substituir uma esposa em lugar de outra, e haveis concedido a uma delas um quintal de ouro, nada tomeis deste. Tomá-lo-íeis, em sendo infâmia e evidente pecado?
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Se desejardes trocar da esposa, tendo-a dotado com um quintal, não lho diminuais em nada. Tomá-lo-íeis de volta, com uma falsa imputação e um delito flagrante?
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Se desejais trocar esposa por esposa e tiverdes dotado a primeira com um quintal de ouro, não retomeis nada dele. Se o fizerdes, cometereis uma impropriedade e um delito manifesto.
(Mansour Challita, 1970)
E se vós desejardes tomar uma esposa em lugar de outra e a uma delas tiverdes dado um tesouro, dele não tomai coisa alguma. Tomá-lo-ieis vós por meio de mentira e com manifesto pecado?
Ó vós que credes e confiais! Não vos é lícito[¹] manter vossas mulheres em vosso casamento à força. Não as oprimais a fim de receber de volta nem parte do que lhes havíeis dado. Dai-vos bem[²] com vossas mulheres. Se não gostais delas (sabei que), mesmo de uma coisa em que não gostais, Deus pode criar um bem abundante.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] O significado verdadeiro da frase a que nos referimos como “manter vossas mulheres em vosso casamento à força” é “herdar às vossas mulheres à força”. Uma vez que não está claro quem morrerá antes, ninguém pode ser um herdeiro à força, então surge a obrigação de dar à palavra “herdar” um significado metafórico. Deve haver uma conexão entre a metáfora e a verdade. Já que um homem só pode herdar uma mulher que morre durante seu casamento, o interesse aqui é o desejo de ficar junto até a morte dela. Para que isso aconteça, o homem pode impedir o pedido de divórcio da esposa à força. Esta é a razão pela qual o significado acima é dado ao versículo. A mulher também tem direito ao divórcio unilateral (Al Baqarah 2/229, An Nissa 4/34 – 35, Al Mumtahanah 60 / 10 – 11). Visto que as seitas retiraram o direito da mulher ao divórcio e o substituíram pelo muhâlaa’, cuja decisão final cabe ao homem, elas tiveram que interpretar mal este versículo como todos os versos relevantes.
Ó vós que credes! Não vos é lícito herdar às mulheres, contra a vontade¹ delas. E não as impeçais de se casarem de novo, a fim de que vos vades com algo que já lhes havíeis concedido, exceto se elas cometem evidente obscenidade. E convivei com elas, convenientemente. E, se as odiais, pacientai: quiçá, odieis algo, em que Allah faz existir um bem abundante.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Antes do Islão, a viúva podia ser herdada por parentes, de maneira que o herdeiro podia casar-se com ela, sem precisar pagar-lhe al mahr. Podia, ainda, fazê-la casar-se com outrem, recebendo, deste modo, a quantia exigida. Ou podia impedi-la de casar-se com quem ela desejasse, até que ela lhe pagasse o resgate de sua herança.
Ó fiéis, não vos é permitido herdar as mulheres, contra a vontade delas[¹] , nem as atormentar, com os fim de vos apoderardes de uma parte daquilo que as tenhais dotado², a menos que elas tenham cometido comprovada obscenidade. E harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Nos dias de idolatria, em muitas nações, incluindo a árabe, um enteado ou um irmão de criação costumava tomar posse da viúva ou das viúvas do falecido, juntamente com os bens e escravos deste. Tal costume sacrílego foi proibido. Ver, também, o versículo 22 desta surata, mais adiante.
[²] Nos costumes pré-islâmicos, outro truque para aviltar a liberdade das mulheres casadas consistia nos maus tratos e no emprego da força, a fim de que pedisse o divórcio (ver o versículo 229 da 2ª Surata e respectiva nota), ou seu equivalente, uma vez que o dote poderia ser pedido de volta. Isto também foi proibido.
Ó vós que credes, não tendes o direito de receber mulheres como herança apesar de sua vontade. E não as impeçais de se casarem com o intuito de receberdes de volta parte do que lhes havíeis dado — a menos que cometam uma indignidade comprovada. E juntai-vos a elas honradamente. Se sentis aversão por elas, quantas vezes sentis aversão por algo em que Deus depositou bens abundantes!
(Mansour Challita, 1970)
Oh vós que credes, não é legal que herdeis de mulheres contra a sua vontade; nem vós as deveríeis deter sem razão a fim de que pudésseis tirar parte do que lhes havieis dado, a não ser que elas sejam culpadas de um flagrante delito; e consorciai-vos com elas em bondade; e se não gostardes delas, pode bem ser que não gosteis de uma coisa em que Allah pôs muito de bom.
O arrependimento daqueles que continuam a cometer más ações, e quando a morte se apresenta, que dizem “Me arrependo (volto do meu pecado) agora¹” e daqueles que morrem como descrentes, não é o arrependimento que Deus aceitará. Para eles, preparamos um doloroso tormento.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Deus aceitou o arrependimento do profeta Jonas e seu povo porque se arrependeram/voltaram dos seus pecados antes de enfrentarem a morte (Al Anbiya 21 / 87–88). Noé também chamou seu filho para se arrepender quando tinha esperança de salvação (Hud 11 / 42–43). O Faraó se arrependeu ao enfrentar a morte (Yunus 10 / 90 – 92). Tal arrependimento não se aceita (Al Muminun 23/99 – 100,As Sajdah 32/12–15). Quando os crentes pecaminosos morrem, eles querem voltar à vida e praticar boas ações, mas será tarde demais (Al Munafiqun 63 / 9 – 11). O Profeta Muhammad (saws) disse: “Allah, o Todo-Poderoso, aceita o arrependimento do servo enquanto sua alma não tenha chegado à garganta [a morte]”. (Tirmidhi, Daavat 98; Ibn Majah, Zuhd 30; Ahmad b. Hanbal, 2/132,153). Tudo acaba quando a alma chega na garganta.
E a remissão não é para os que fazem más obras até que, no momento em que a morte se apresenta a um deles, diz; “Volto- me arrependido, agora”; nem para os que morrem, enquanto renegadores da Fé. Para esses, preparamos doloroso castigo.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
A absolvição não alcançará aqueles que cometerem obscenidades até à hora da morte, mesmo que nessa hora alguém, dentre eles, diga: Agora me arrependo. E tampouco alcançará os que morrerem na incredulidade, pois para eles destinamos um doloroso castigo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Mas Deus não perdoa àqueles que cometem o mal ao longo da vida e só à chegada da morte exclamam: “Arrependemo-nos agora.” Tampouco perdoa aos que morrem na descrença. Para todos eles, preparamos um castigo doloroso.
(Mansour Challita, 1970)
Não há aceitação de arrependimento para os que continuam a fazer o mal até que, quando a morte a um deles encara, ele diz, ‘Eu arrependo-me agora’; nem para os que morrem descrentes. É para estes que Nós preparámos um penoso castigo.
O arrependimento, que Deus promete aceitar, é o arrependimento (a volta) daqueles que cometem o mal, por não serem capazes de se conter[¹], em seguida, logo se voltam. Deus aceita o arrependimento dessas pessoas. Deus sabe, Ele toma as decisões certas.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] O جَهَالَةٍ mencionado no versículo é ignorância ou ser ignorante. Quando Zulaikha e outras mulheres tentaram conquistar José, ele disse: “Senhor meu! A prisão me é mais amada que aquilo ao que elas me convidam. E, se Tu não desvias de mim suas insídias, inclinar-me-ei a elas e serei dos ignorantes. (Yusuf 12/33) A palavra jahala neste versículo não pode ter nenhum significado diferente de “incontinência”, uma vez que Deus não impõe a ninguém uma responsabilidade além de seu poder (Al Baqarah 2/286).
Impende a Allah a remissão, apenas, para os que fazem o mal por ignorância, em seguida, logo se voltam arrependidos; então, a esses Allah remitirá. E Allah é Onisciente, Sábio.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
A absolvição de Deus recai tão-somente sobre aqueles que cometem um mal, por ignorância, e logo se arrependem. A esses, Deus absolve, porque é Sapiente, Prudentíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Deus perdoa a quem peca por ignorância e logo depois se arrepende. Deus é conhecedor e sábio.
(Mansour Challita, 1970)
Na verdade, Allah compromete-se a aceitar o arrependimento daqueles apenas que fazem o mal em ignorância e então em breve se arrependem. É para estes que Allah se volta com misericórdia; e Allah é Todo-Conhecedor, Sábio.
Se corportai àqueles dois (o homem e a mulher)[¹], que cometem adultério, dentre vós, de tal forma que os machuque. Se voltarem (se arrependam) dos seus pecados e se corrijam, deixai-os sós. Deus aceita os arrependimentos e dispensa graça.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Deus proibiu todos os tipos de obscenidade (Al A’raf 7/33) e ordenou de ficar longe deles (Al An’am 6/151, Ach Chura 42/5, An Najm 53 / 31 – 32). O primeiro deles é o adultério (Al Isra 17/32) e o segundo é relação entre homens (Al A’raf 7/80 – 81). O terceiro tipo de obscenidade é o lesbianismo, já que o plural na língua árabe denota pelo menos três. No versículo 15, afirma-se que a pena de prisão domiciliar aplicada às mulheres que cometem obscenidade será transformada em uma punição a seu favor. Relativamente ao crime de obscenidade, as mulheres condenadas em prisão domiciliária no An Nissa 15 não podem ter cometido outro crime que não o adultério, visto que o único verso que foi enviado depois deste é o verso que determina a punição do adultério (An Nur 24/2). Em An Nissa 4/16, foi também ordenada a prática de atos ofensivos contra ela e o seu cúmplice. Pode-se pensar que mais punições são dadas às mulheres aqui. Mas a prisão domiciliar vai favorecer a mulher, pois vai protegê-la de homens malévolos. Essas punições foram abolidas com o segundo verso da Sura An Nur, e foram transformadas em 100 chicotes para homens e mulheres. Embora o assunto seja tão claro, afirma-se que An Nissa 15 é sobre lesbianismo e que o caminho a ser aberto no verso é casamento. Porém, no versículo, a distinção entre casados e solteiros não é feita, apenas para mulheres condenadas à prisão domiciliar, utiliza-se a expressão “até que Deus abra um caminho para elas”. Esse caminho só pode ser um tipo de punição que acabará com a prisão domiciliar. Esta é a pena de 100 chibatadas (An Nur 24/2). Aqueles que não levam em consideração as relações entre os versículos também afirmam que o versículo 16 é sobre a relação sexual entre homens. Segundo eles, a expressão “allazâni / aqueles dois” no início do versículo significa dois homens envolvidos na obscenidade. É improvável que essa afirmação seja verdadeira também. Na língua árabe, as palavras que descrevem a ação conjunta de homem e mulher estão necessariamente no padrão masculino. Por este motivo, não se pode dizer que a relação sexual entre dois homens seja entendida naquele versículo a partir da expressão “allazâni” do início de An Nissa 16, ignorando os versículos sobre o assunto.
E àqueles dois, dentre vós, que a cometerem, então, molestai-os. E, se ambos se voltarem arrependidos e se emendarem, dai-Ihes de ombros. Por certo, Allah é Remissório, Misericordiador.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
E àqueles, dentre vós, que o cometerem (homens e mulheres), puni-os; porém, caso se arrependam e se corrijam, deixai-os tranqüilos, porque Deus é Remissório, Misericordiosíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Quando dois dentre vós cometerem um adultério, castigai-os. Mas se se arrependerem e se emendarem, deixai-os em paz. Deus é perdoador e clemente.
(Mansour Challita, 1970)
E se dois homens de entre vós forem disso culpados, castigai-os ambos. E se eles se arrependerem e corrigirem, então deixai-os sós; por certo Allah volta muita vez com compaixão e Misericordioso.
Trazei quatro testemunhas¹ de vós contra aquelas de vossas mulheres que cometem obscenidade², se o testemunharem, retende-as em suas casas, até que morram ou que Deus abra um caminho para elas.³
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Deus estipula a condição de trazer quatro testemunhas para provar a alegação de que a mulher casta cometeu adultério, e considera aqueles que não podem trazer quatro testemunhas como caluniadores e ordena que eles apanhem oitenta chicotadas. Ele também protegeu a mulher ao decidir que seus testemunhos não deveriam ser aceitos até que eles se arrependerem e se emendarem (An Nur 24/4 – An Nur 24/5 e An Nur 24/13). Essa proteção não é fornecida para homens.
[²] Não vos aproximeis do adultério. Por certo, ele é obscenidade; e que vil caminho! (Al Isra 17/32)
[³] O Profeta (saws) recebeu a ordem de obedecer aos livros anteriores enquanto estava em Meca (Al An’am 6/90). Quando ele alcançou a posição em que poderia impor punição em Medina, ele aplicou a pena de apedrejamento (Levítico 20 / 10-21, Deuteronômio 22 / 22-26) para aqueles que cometeram adultério (Bukhari, Hudûd, 24 e 30). Esses versículos converteram a punição do apedrejamento em prisão domiciliar para mulheres no primeiro estágio, e a pena de estar magoado até o arrependimento e se emendar. Então ele baixou para 100 chicotes para ambos, mulheres e homens (An Nur 24/2).
E aquelas de vossas mulheres que cometerem obscenidade[¹], então, fazei testemunhar contra elas quatro de vós. E, se o testemunharem, retende-as nas casas, até que a morte lhes leve a alma, ou que Allah lhes trace um caminho[²].
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Ou seja, cometer adultério.
[²] A punição, expressa neste versículo, refere-se à prescrita, somente, na primeira fase do Islão, já que foi ab-rogada, como se verá no início da sura XXIV.
Quanto àquelas, dentre vossas mulheres, que tenham incorrido em adultério[¹], apelai para quatro testemunhas[²], dentre os vossos e, se estas o confirmarem, confinai-as em suas casas, até que lhes chegue a morte ou que Deus lhes trace um novo destino[³].
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] A maioria dos jurisprudentes compreende que isto se refere ao adultério ou à fornicação; tal caso, eles consideram que a punição foi alterada para cem açoites, de acordo com An Nur versículo 2 da 24ª Surata. Nós, porém, achamos que se refira a uma prática sacrílega, entre as mulheres, análoga à prática sacrílega existente entre os homens (4ª Surata, versículo 16), porquanto punição alguma é especificada aqui para o homem, como seria o caso, se este estivesse envolvido naquela prática; a palavra al-lati, tão-somente al-lati, termo puramente feminino, é empregada para as partes envolvidas naquela prática.
[²] A fim de se proteger da integridade das mulheres, evidências meticulosas são requeridas; por exemplo, quatro, em vez das duas testemunhas costumeiras. O mesmo se dá com referência ao adultério (ver versículo 4 da 24ª Surata).
[³] “Conservai as cativas até que alguma ordem definida seja recebida.” Aqueles que consideram este crime como adultério ou fornicação, dizem que tal ordem definida (“um novo destino”) significa um pronunciamento definitivo do Profeta, sob inspiração; esta era a punição por açoites, encontrada no versículo 2 da 24ª Surata. Se entendermos o crime por “prática sacrílega”, presumiremos, dada a ausência de qualquer ordem definida (“um novo destino”), que a punição deverá ser semelhante àquela aplicada à pessoa do versículo seguinte. Aquela é, por si só, definida, ou talvez com essa intenção, porquanto o crime é afrontoso.
Aquelas de vossas mulheres que forem suspeitas de adultério, chamai quatro testemunhas dos vossos contra elas. Se as testemunhas testemunharem, confinai-as então em vossas casas até que a morte as leve ou até que Deus lhes indique um caminho.
(Mansour Challita, 1970)
E de entre as vossas mulheres as que forem culpadas de lascívia chamai contra elas quatro de vós como testemunhas; e se prestarem testemunho, então fechai-as nas casas até que a morte lhes sobrevenha ou Allah para elas abra um caminho.
Quem quer que desobedeça a Deus e ao Seu Mensageiro[¹] transgredindo os limites que estabeleceu, Ele o colocará no fogo, lá ele será imortal[²] . Para ele, há um tormento humilhante.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Rasul (رسول) significa “a palavra enviada a alguém”, bem como “o mensageiro enviado para transmitir essa palavra”. (Mufradat). O dever dos mensageiros de Deus é transmitir suas palavras às pessoas. Por esta razão, a ênfase principal nas expressões do Mensageiro de Deus no Alcorão são os versos. Desde que o último Mensageiro de Deus morreu, nosso interlocutor é apenas o Alcorão (Al Imran 3/144). Em vez da palavra rasul, a expressão pode ser traduzido como “Mensageiro ou versos trazidos pelo Mensageiro” por esta razão (Al Maidah 5/67, An Nahl 16/35).
[²] O fato da palavra “lá ele será imortal” estar no plural no versículo anterior sobre o povo do Paraíso e no singular neste versículo sobre o povo do Inferno mostra que o povo do Paraíso estará junto com seus amigos e parentes, e aqueles quem estão no Inferno ficarão sozinhos (Al Baqarah 2/165,166,167; Az Zukhruf 43/66, 67).
E a quem desobedece a Allah e a Seu Mensageiro e transgride Seus limites, Ele o fará entrar em Fogo; nele, será eterno. E terá aviltante castigo.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Ao contrário, quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro, profanando os Seus preceitos, Ele o introduzirá no fogo infernal, onde permanecerá eternamente, e sofrerá um castigo ignominioso.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
E quem desobedecer a Deus e a Seu Mensageiro e exceder seus limites, por Deus será jogado no Fogo onde permanecerá para todo o sempre e onde receberá aviltante castigo.
(Mansour Challita, 1970)
E a quem quer que desobedeça a Allah e ao Seu Mensageiro e transgrida os Seus mandamentos, Ele o fará entrar no fogo; lá ele morará; e eles terão um humilhante castigo.
Estes são os limites estabelecidos por Deus. Quem quer que sinceramente obedeça a Deus e a Seu Mensageiro¹, Ele os colocará no paraíso, nos quais correm os rios, lá eles serão imortais. Essa é a magnífica salvação.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Rasul (رسول) significa “a palavra enviada a alguém”, bem como “o mensageiro enviado para transmitir essa palavra”. (Mufradat). O dever dos mensageiros de Deus é transmitir suas palavras às pessoas. Por esta razão, a ênfase principal nas expressões do Mensageiro de Deus no Alcorão são os versos. Desde que o último Mensageiro de Deus morreu, nosso interlocutor é apenas o Alcorão (Al Imran 3/144). Em vez da palavra rasul, a expressão pode ser traduzido como “Mensageiro ou versos trazidos pelo Mensageiro” por esta razão (Al Maidah 5/67, An Nahl 16/35).
Esses são os limites de Allah. E a quem obedece a Allah e a Seu Mensageiro, Ele os fará entrar em Jardins, abaixo dos quais correm os rios; nesses, serão eternos. E esse é o magnífico triunfo.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Tais são os preceitos de Deus. Àqueles que obedecerem a Deus e ao Seu Mensageiro, Ele os introduzirá em jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Tal será o magnífico benefício.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Tais são os limites do Senhor. Quem obedecer a Deus e a Seu Mensageiro, por Deus será conduzido a jardins onde correm os rios, e lá permanecerá para todo o sempre. Tal será a grande vitória.
(Mansour Challita, 1970)
Estes são os limites estabelecidos por Allah; e a quem quer que obedeça a Allah e ao Seu Mensageiro. Ele os fará entrar em jardins através dos quais correm rios; lá eles morarão; e isso é um grande triunfo.
Se as vossas esposas não tiverem filhos, a metade do que elas deixarem pertencerá a vós; se tiverem filhos, um quarto do que deixarem será vosso. Essa divisão se fará depois do pagamento da dívida que legaram (ou deixaram por escrito). Se vós não tendes filhos, um quarto do que deixardes será para as vossas esposas[¹]. Se vós tendes filhos, um oitavo do que deixardes será deles[²]. Essa divisão se fará depois do pagamento da dívida que ligardes (ou deixardes por escrito)[³]. Se um homem ou mulher deixar uma herança, em estado de kalála (do lado da mãe), e (sem mãe e filho) se tiver irmão ou irmã (da mesma mãe), a porção de cada um deles será de um sexto. Se forem mais de um, compartilham um terço da herança igualmente[⁴]. Essa divisão ocorre na forma a não prejudicar (a nenhum dos herdeiros) depois do pagamento[⁵] da dívida legada[⁶] ou deixada por escrito. Isto é um fardo imposto a vós por Deus. Deus sabe, dá oportunidade[⁷].
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Se o número de esposas for mais de uma, elas compartilham um quarto da herança entre elas.
[²] Na partilha da herança, a parte do cônjuge é entregue em primeiro lugar, a parte restante é dividida entre os demais herdeiros (An Nissa 4/33).
[³] Se a dívida do falecido for superior à herança, ela é repartida com os credores na proporção das suas contas a receber. O restante da dívida não pode ser solicitado ao herdeiro.
[⁴] Enquanto a quota de duas irmãs (do mesmo pai) é igual a um irmão (An Nissa 4/176), não existe diferença entre irmãos e irmãs da mesma mãe. Como os irmãos da mesma mãe pertencem a outra família, uma irmã não difere de um irmão em termos de benefícios para a pessoa.
[⁵] As seitas dizem que uma pessoa pode legar um terço de sua propriedade sem depender de um versículo ou hadice. Isso significa que a propriedade dos herdeiros é injustamente dada a outra pessoa. Qualquer pessoa que doar em algum lugar deve doar quando viva. Deus, o Glorificado seja,diz: E despendei do que vos damos por sustento, antes que a morte chegue a um de vós e que ele diga: “Senhor meu! Que me concedas prazo até um termo próximo; então, darei esmola e serei dos íntegros. E Allah não concederá prazo a uma alma, quando seu termo chegar. E Allah, do que fazeis, é Conhecedor. (Al Munafiqun 63/10, 63/11). Quando questionado ao profeta (saws) “Qual instituição de caridade é mais virtuosa?”, ele respondeu: “É a caridade que você dá quando tem saúde e é ambicioso, enquanto tem medo da pobreza e espera riqueza. Não adie até chegar à garganta e dizer isso tanto para fulano, e tanto para fulano. Já, essa propriedade pertence a outra pessoa” (Bukhari, Zakat, 10; Muslim, Zakat, 92). Sobre esse assunto, as palavras de Amir, o filho de Sa’d b. Abi Waqqas, ouviu de seu pai sobre seu pré-nascimento, são tomadas como evidência: “Durante a peregrinação de despedida, eu estava com muita dor. O Mensageiro de Allah (saws) veio me visitar. Eu disse; “Minha dor ficou mais profunda. Eu sou alguém que possui propriedades. Não tenho outro herdeiro além de minha filha; Devo distribuir dois terços da minha propriedade como caridade?” Disse: “Não!” Eu disse: “Não pode ser a metade?” Ele disse: Não, pode ser um terço mas mas um terço é maior ou mais. É melhor deixar seus herdeiros ricos do que deixá-los pobres de uma forma que possa abrir a mão para os outros. ” (Bukhârî) Este hadith não tem nada a ver com testamento. Portanto, a vontade de uma pessoa que deseja dar um bem a um lugar após sua morte é inválida.
[⁶] Isso inclui o testamento da pessoa falecida de acordo com Al Maidah 5/106 e a vontade do falecido de pagar sua dívida de acordo com Al Baqarah 2/240, bem como o dever que Deus impõe aos herdeiros em relação à esposa do falecido.
[⁷] Yunus 10/11, An Nahl 16/61, Fatir 35/45.
E tereis a metade do que vossas mulheres deixarem, se estas não tiverem filho. E, se tiverem filho, a vós, o quarto do que deixarem. Isso, depois de executado o testamento que houverem feito, ou de pagas as dívidas. E terão elas o quarto do que deixardes, se não tiverdes filho. E, se tiverdes filho, a elas, o oitavo do que deixardes. Isso, depois de executado o testamento que houverdes feito, ou de pagas as dívidas. E, se houver homem ou mulher com herança e em estado de kalãlah[¹] e tiver um irmão ou uma irmã[²], a cada um deles o sexto. E, se forem mais que isso, serão sócios no terço, depois de executado o testamento que houver sido feito, ou de pagas as dívidas, sem prejuízo de ninguém. É recomendação de Allah. E Allah é Onisciente, Clemente.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Estado de kalãlah: estado em que alguém, falecendo, não deixa ascendentes nem descendentes.
[²] Trata-se dos irmãos por parte de mãe. Quanto aos outros, seu caso é estudado no final desta sura.
De tudo quanto deixarem as vossas esposas, corresponder-vos-á a metade, desde que elas não tenham tido prole; porém, se a tiverem, só vos corresponderá a quarta parte[¹] de tudo quanto deixardes, se não tiverdes prole; porém, se a tiverdes, só lhes corresponderá a oitava parte de tudo quanto deixardes, depois de pagas as doações e dívidas. Se um falecido, homem ou mulher, em estado de Kalala[²], deixar herança e tiver um irmão ou uma irmã[³], receberá cada um deles, a sexta parte; porém, se forem mais, co-herdarão a terça parte, depois de pagas as doações e dívidas[⁴], sem prejudicar ninguém. Isto é uma prescrição de Deus, porque Ele é Tolerante, Sapientíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] O marido receberá a metade dos bens da sua falecida esposa, se esta não deixar prole, indo o restante para os residuários; se ela deixar um filho, o marido receberá apenas um quarto. Seguindo a norma de que a parte que cabe à mulher é, geralmente, a metade da que cabe ao homem, a viúva receberá um quarto dos bens do seu falecido marido, desde que este não deixe prole, e um oitavo, se deixar. Se houver mais de uma viúva, sua cota coletiva será um quarto, ou um oitavo, conforme o caso; entre si, elas dividirão igualmente.
[²] A palavra árabe é Kalala. Todavia, ela não foi definida com autoridade, durante a vida do Mensageiro. Este foi um termo que Ômar Ibn al Khattab desejava que o Mensageiro tivesse definido, durante a sua vida; os outros dois são Khilafa (sucessão) e Riba (usura). Respeitando a definição aceita, ater-nos-emos à herança de uma pessoa que não tenha deixado descendentes ou ascendentes (conquanto distantes), mas somente colaterais, com ou sem viúvo ou viúva. Se houver viúvo ou viúva sobrevivente, este ou esta receberá a parte já definida, antes de os colaterais entrarem em cena.
[³] Um “irmão ou uma irmã” é, aqui, interpretado como sendo uterinos, ou seja, provenientes da mesma mãe, mas não do mesmo pai. Os casos de irmãos plenos (do mesmo pai e mesma mãe), ou irmãos provenientes do mesmo pai, mas de diferentes mãe, serão tratados mais adiante, no último versículo desta surata. Quando ao irmão ou irmã uterinos, se apenas um sobreviver, receberá um sexto; se mais de um sobreviver, receberão coletivamente um terço, para que o dividam entre si, isto na suposição de não haver descendentes ou ascendentes (embora remotos).
[⁴] As dívidas (das quais as despesas com funerais tomam a primeira linha) e os legados constituem a incumbência primordial no caso de uma pessoa falecida, antes que se proceda à distribuição da herança. Porém, a eqüidade e o trato justo devem ser observados com todas as questões, para que não sejam prejudicados os interesses de ninguém.
A vós, a metade da herança de vossas esposas se elas não tiverem filhos, e a quarta parte em caso contrário, depois dc executados os legados e pagas as dívidas. E a elas, um quarto de vossa herança, se não tiverdes filhos, e um oitavo em caso contrário, depois de executados os legados e pagas as dívidas. E se um homem ou uma mulher não tiverem nem ascendentes nem descendentes, mas deixarem um imião ou uma irmã, a ela ou a ele a sexta parte. E se forem mais de um irmão, co-herdarão a terça parte, depois de executados os legados e pagas as dívidas. É uma prescrição de Deus. Deus é conhecedor e clemente.
(Mansour Challita, 1970)
E vós tereis metade do que vossas mulheres deixarem, se elas não tiverem nenhum filho; mas se elas tiverem um filho, então vós tereis um quarto do que elas deixarem, depois do pagamento de qualquer legado que elas possam ter feito ou de dívida. E elas terão um quarto do que vós deixardes, se vós nào tiverdes nenhum filha; mas se vós tiverdes um filho, então elas terão um oitavo do que vós deixardes, depois do pagamento de quaisquer legados que vós possais ter feito ou de dívida. E se houver um homem ou uma mulher cuja herança esteja para ser dividida e ele ou ela não tiver nem pai nem filho, e ele ou ela tiver um irmão e uma irmã, então cada um deles terá um sexto, Mas se eles forem mais do que isso, então partilharão por igual em um terço, depois do pagamento de quaisquer legados que possam ter sido feitos ou de dívida, sem injuriar os direitos dos outros. Isto é uma injunção da parte de Allah. E Allah é Sábio, Indulgente.
Deus vos impõe[¹] um fardo acerca do filho do falecido[²]: A porção do homem é igual à de duas filhas. (Embora o falecido não tenha um filho) se ele tiver (duas ou[³]) mais de duas filhas, dois terços do que o falecido deixar, pertencerão a elas. Se ele tiver apenas uma, a metade da herança pertencerá a ela. Se o falecido tiver um filho, a porção de cada um dos pais será de um sexto[⁴] . Se o falecido não tiver filho, e seus pais forem os seus herdeiros[⁵], a porção da sua mãe será de um terço[⁶]. Se o falecido tiver irmãos (do mesmo pai[⁷]), a porção da mãe será um sexto. As porções serão entregues depois do pagamento da dívida que o falecido legou[⁸] ou deixou (por escrito). Não podeis saber qual de vossos pais e vossos filhos está mais próximo de vós em benefício. (Por esta razão) As porções foram determinadas por Deus, em medidas precisas. Deus sabe, ele toma as decisões certas.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Iltifat, ver nota de rodapé An Nissa 4/33. Sem considerar a arte literária de iltifat, a tradução seria a seguinte: “Deus impõe um dever sobre vós em relação ao vosso filho …” Um falante do português entende e fica surpreso que o falecido mesmo compartilhará a herança desta frase. [²] Dividir a herança é dever dos muçulmanos, não dos herdeiros. (Al Baqarah 2/180 – 182). [³] O motivo da inclusão deste parêntese é o do versículo An Nissa 4/176. A “kalala” mencionada neste versículo é a pessoa que morreu sem seu pai e filhos. Ao compartilhar sua herança, seus irmãos são considerados seus filhos. Se duas irmãs recebem dois terços da herança, ambas as filhas devem receber o mesmo. Porque um dos versículos explica o outro. [⁴] Depois da divisão dessas cotas, todo o restante pertence aos filhos, seja menino ou menina. As seitas fabricaram um conceito denominado “asaba” sem se basear em nenhuma evidência, e se o herdeiro for uma menina, o restante é dado ao parente homem mais próximo. No entanto, de acordo com An Nissa 4/176, se o falecido tiver um filho, os outros familiares não podem receber nada da herança. [⁵] As disposições aqui contidas aplicam-se se os pais do falecido forem herdeiros. Se apenas seu pai é herdeiro, os filhos da mãe o herdam de acordo com as disposições da “kalâla” em An Nissa 4/12. Se apenas a sua mãe for a herdeira, os herdeiros do seu pai herdam de acordo com as disposições da “kalâla” em An Nissa 176. Toda a partilha é feita após a separação das porções dos cônjuges (An Nissa 4/33). [⁶] O pai recebe o restante. [⁷] Irmãos dos mesmos pais ou somente do pai são mais próximos, para uma pessoa, do que irmãos da mesma mãe em termos de benefício. A herança que o pai vai receber será deixada aos irmãos do mesmo pai após sua morte. De acordo com An Nissa 4/176, os irmãos do mesmo pai de uma pessoa que não tem pai e filhos, se tornam herdeiros como o seu próprio filho. Segundo o versículo An Nissa 4/12, uma pessoa que morre sem sua mãe e seus filhos, irmãos da mesma mãe não substituem seus próprios filhos. Eles substituem suas mães, e como suas mães, podem receber no máximo um terço da herança. [⁸] ٱلْوَصِيَّةُ = al-vasiyyah significa um certo dever atribuído a alguém (Lisan). Existem dois tipos de vasiyyah; uma é o dever de distribuir a herança imposta por Deus (Al Baqarah 2/180 – 181, An Nissa 4/11), e a outra é a vasiyyah do herdeiro quanto à sua dívida. A dívida documentada não é chamada vasiyyah (Al Baqarah, 2/282) porque esse documento não deixa a necessidade de mais nada. Na falta desse documento, o moribundo confessa sua dívida na presença de pelo menos duas testemunhas e lega (Al Maidah 5/106 – 107). Nos versículos da herança, a frase “legado ou dívida” em vez de “legado e dívida” indica que ambos são dívidas, mas há uma grande diferença entre eles. O principal é escrever a dívida. O Profeta (saws) disse: “Se um muçulmano tem uma dívida a legar, não é permitido passar duas noites sem ter seu legado contigo por escrito.” (Bukhari, Vasaya, 1, Muslim, Vasiyyah, Muqaddima, Abu Dawud, Vasaya)
Allah recomenda-vos, acerca da herança de vossos filhos: ao homem, cota igual à de duas mulheres[¹]. Então, se forem mulheres, duas ou acima de duas, terão dois terços do que deixar o falecido. E, se for uma, terá a metade. E aos pais, a cada um deles, o sexto do que deixar o falecido, se este tiver filho. E, se não tiver filho, e seus pais o herdarem, à mãe, o terço. E, se tiver irmãos, à mãe, o sexto. Isso, depois de executado o testamento[²] que houver feito, ou de pagas as dívidas. Entre vossos pais e vossos filhos, não vos inteirais de quais deles vos são mais próximos em benefício. E preceito de Allah. Por certo, Allah é Onisciente, Sábio.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] O Islão concede ao homem, na herança, o dobro que à mulher, assentado no pressuposto de que àquele cabem responsabilidades maiores; as despesas com a casa, a família, os filhos, alem do mahr que concede às mulheres, ao casar-se. [²] Ou seja, após feitas as doações e pagas as dívidas, haverá, aí, a partilha do restante.
Deus vos prescreve acerca da herança[¹] de vossos filhos: Daí ao varão a parte de duas filhas; se apenas houver filhas, e estas forem mais de duas[²] , corresponder-lhes-á dois terços do legado e, se houver apenas uma, esta receberá a metade. Quanto aos pais do falecido, a cada um caberá a sexta parte do legado, se ele deixar um filho; porém, se não deixar, prole e a seus pais corresponder a herança, à mãe caberá um terço; mas se o falecido tiver irmãos, corresponderá à mãe um sexto, depois de pagas as doações e dívidas. É certo que vós ignorais quais sejam os que estão mais próximos de vós, quanto ao benefício, quer sejam vossos pais ou vossos filhos. Isto é uma prescrição de Deus[³] , porque Ele é Sapiente, Prudentíssimo.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Os princípios da lei da herança são estabelecidos, em amplo delineamento, no Alcorão; os detalhes precisos têm sido elaborados com base na prática do Mensageiro e na de seus companheiros, bem como por interpretação e analogia. Os jurisprudentes muçulmanos têm compilado uma vasta quantidade de ensinamentos a este respeito, parecendo-nos que esse corpo legislativo é, por si só, suficiente para formar um assunto de estudo durante toda a vida. Trataremos, aqui, apenas dos princípios básicos a serem colhidos do texto, segundo a interpretação dos jurisprudentes. O poder da disposição testamentária estende-se somente a um terço da propriedade; os restantes dois terços são distribuídos entre os herdeiros, como foi prescrito. Toda a distribuição se efetua depois de serem pagos legados e dívidas, incluindo as despesas do funeral. [²] À primeira vista, as palavras árabes parecem significar : “se mais de duas filhas”. Contudo, a alternativa na cláusula seguinte é: “se apenas uma filha”. Logicamente, portanto, a primeira cláusula deve significar: “se filhas, duas ou mais”. Esta é a interpretação geral, confirmada pela provisão suplementar do versículo 176 desta surata, o qual deve ser lido ele conjunto a este. [³] Este versículo trata das partes distribuídas entre filhos e pais. O versículo seguinte trata das partes distribuídas entre o cônjuge do falecido ou da falecida, bem como entre os colaterais. As cotas dos filhos são fixadas, mas as suas importâncias dependerão do que couber aos pais. Se o pai, ou a mãe, estiver vivo e houver filhos, tanto um como a outra receberá um sexto, cada; se apenas um deles estiver vivo, ele ou ela receberá a sua sexta parte, indo o resto para os filhos. Se os pais estiverem vivos e não houver filho algum, ou outro herdeiro, a mãe receberá um terço (e o pai os outros dois terços, restantes); se não houver filhos, havendo, contudo, irmãos ou irmãs (isto é rigorosamente interpretado em ermos de plural), a mãe receberá um sexto e o pai o restante, um vez que, em se tratando do pai, este prescinde de colaterais.
Eis o que Deus vos prescreve: Quando morre um de vós, deixando bens e filhos, o filho varão herdará o dobro da filha, e se houver somente filhas, receberão dois terços da herança, mas se houver uma filha só, receberá apenas a metade. Morrendo o filho, cada um dos pais receberá a sexta parte, caso o defunto tenha filhos. Se a herança couber exclusivamente aos pais, a mãe receberá um terço, e o pai, dois terços. Caso o defunto tiver também irmãos, a mãe receberá a sexta parte. Tudo isso depois de executados os legados e pagas as dívidas. Entre vossos pais e vossos filhos, não sabeis quem é mais benéfico para convosco. Tal é a lei de Deus. Deus é conhecedor e sábio.
(Mansour Challita, 1970)
Allah ordena-vos no que a vossos filhos respeita: um macho terá tanto como a porção de duas fêmeas; mas se houver apenas fêmeas, em número superior a duas, então elas terão dois terços do que o falecido deixa; e se houver uma, ela terá a metade. E cada um de seus pais terá um sexto da herança, se ele tiver um filho; mas se ele não tiver filho e seus pais forem os seus herdeiros, então a sua mãe terá um terço; e se ele tiver irmãos e irmãs, então a sua mãe terá um sexto, depois do pagamento de quaisquer legados que ele possa ter deixado ou de dívida. Vossos pais e vossos filhos: vós não sabeis qual deles vos está mais perto em benefício. Esta fixação de porções é da parte de Allah. Por Certo, Allah é Todo-Conhecedor, Sábio.
Os que receiam com o que acontecerá com as crianças que precisam de proteção, no caso, deixarem, atrás de si, que se abstenham de errar contra Deus e que digam palavras diretas.
(Fundação Suleymaniye)
E, que receiem pelos órfãos os que, se deixarem, atrás de si, descendência indefesa, com ela se preocupam. Então, que temam a Allah e que digam dito apropriado[¹].
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] É advertência aos tutores que, da mesma forma que receariam por seus próprios filhos, se os deixassem indefesos, devem recear pelos tutelados. E, ao pai agonizante, devemos aconselhá-lo e sugerir-lhe o melhor Para os filhos, que deixa, não se prevalecendo jamais da situação para insuflar-lhe idéias que os prejudicassem.
Que (os que estão fazendo a partilha) tenham o mesmo temor em suas mentes, como se fossem deixar uma família desamparada atrás de si. Que temam a Deus e digam palavras apropriadas[¹].
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Este é um pungente argumento, dirigido àqueles que têm de dividir um espólio. Quão ansiosos ficariam se tivessem de deixar atrás uma família em desespero! Se isso acontecer a outrem, ajudai-os e sede complacentes.
Que aqueles que receiam pelos filhos menores que deixariam após a sua morte temam a Deus e não prejudiquem os órfãos.
(Mansour Challita, 1970)
E que aqueles temam Deus, que, se tivessem deixado para trás de si a sua própria débil prole, por eles estaria ansioso. Que eles por isso temam Allah, e que digam a palavra justa.
Se os parentes, os órfãos[¹] e os necessitados[²] presenciam enquanto na divisão da herança, concedei dela a eles e dizei a eles palavras convenientes[³].
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Órfãos deixados pelo falecido ou órfãos que foram apoiados quando estava vivo e que ficaram sem apoio após a morte dele. [²] Aqueles que receberam ajuda financeira em vida e que caíram em uma situação como necessitados devido a esta morte. A esposa do falecido vem em primeiro lugar entre eles (Al Baqarah 2/240). [³] Que digam que é necessário prover o sustento da herança para não deixá-los famintos e necessitados, e que não é possível aumentar sua porção de herança porque as porções são determinadas por Deus como obrigatórias.
E, se os parentes não herdeiros, e os órfãos e os necessitados presenciam a divisão da herança, dai-lhes algo dela, e dizei-lhes palavras bondosas.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Quando os parentes (que não herdeiros diretos), os órfãos e os necessitados estiverem presente, na partilha da herança, concedei-lhes algo dela e tratai-os humanamente, dirigindo-vos a eles com bondade.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
E quando a partilha for assistida por parentes, por órfãos e por necessitados, distribuí algo a todos e dirigi-lhes palavras bondosas.
(Mansour Challita, 1970)
E quando outros parentes e órfãos e os pobres estejam presentes à divisão da herança, dai-lhes alguma coisa dela e dizei-lhes palavras de bondade.
Há para os homens uma porção do que os pais e os parentes deixam. E há para as mulheres uma porção do que os pais e os parentes deixam. Cada uma porção, seja pouco ou muito, é determinada com precisão.
(Fundação Suleymaniye)
Há para os homens porção do que deixam os pais e os parentes. E há para as mulheres porção[¹] do que deixam os pais e os parentes, seja pouco ou muito. É porção preceituada.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Antes do Islão, tanto a mulher quanto a criança não podiam herdar, e este versículo veio, para garantir-lhes o seguinte: a) a mulher, como o homem, tem direito à parte da herança; b) a distribuição dos bens deve ser realizada sempre, não importa o montante (antes do Islão, se se tratasse de pequena monta, era concedida, apenas, ao filho); c) a herança é um dever desde que o morto deixe bens; d) o parente próximo impede o acesso à herança ao parente mais afastado; e) a partilha da herança deve abranger toda a espécie de bens, seja de dinheiro ou não (antes do Islão, só o filho herdava os outros bens, além do dinheiro).
Aos filhos varões corresponde uma parte do que tenham deixado os seus pais e parentes[¹]. Às mulheres também corresponde uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja exígua ou vasta — uma quantia obrigatória.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] As pessoas referidas são aquelas entre as quais as heranças têm de ser divididas. As divisões são especificadas. Aqui, os princípios gerais são no sentido de que as mulheres devam participar da herança, tanto quanto os homens, e de que os parentes — que não têm direito legal de participação na partilha —, os órfãos, e os indigentes não sejam tratados asperamente, se presentes à divisão. A “concessão” deverá ser tirada da propriedade, como parte das despesas do funeral.
Aos homens, um quinhão do que for deixado pelos pais e os parentes próximos. Às mulheres, um quinhão do que for deixado pelos pais e os parentes próximos, seja muito ou pouco. Quinhão legal obrigatório.
(Mansour Challita, 1970)
Para os homens é uma porção do que os pais e parentes próximos deixam; e para as mulheres é uma porção do que os pais e parentes próximos deixam, quer seja muito ou pouco —uma porção determinada.
Testai os órfãos, até que atinjam a idade núbil. Se percebeis neles maioridade, entregai seus bens[¹] a eles. Não os devorai com extravagância e presteza contra o caso eles crescerem e os retomarem. Quem não necessita, que se abstenha deles. E quem necessita, que devore deles convenientemente. Quando entregardes os bens a eles, tomai testemunhas na sua presença. Basta a conta será ajustada por Deus.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Este versículo é uma evidência clara de que as pessoas que não atingiram a idade da puberdade e a maioridade não podem se casar. Porque o homem tem que dar dote à mulher com quem vai se casar. Para isso, ele deve ter obtido o poder de disposição de sua propriedade. Isso só pode ser possível ao atingir a idade puberdade e a maioridade. Já que a mulher própria vai receber o dote, ela também deve ter atingido a puberdade e a maioridade. É preciso também que o homem e a mulher se afastem do adultério (An Nissa 4/4, 24, 25, Al Maidah 5/5). Se uma pessoa cometeu adultério e ainda não se arrependeu, então pode se casar apenas com uma pessoa que cometeu adultério ou com uma pessoa mushrik (An Nur 24/3); mas se essa pessoa se arrepender após o adultério e se corrigir dando uma volta completa, então ela pode se casar com um/a muçulmano/a casto/a (An Nur 24/5, Al Furqan 25/68 – 70). Embora seja claro que tudo isso não pode ser dito para crianças, as seitas distorceram o significado de uma palavra no versículo 4 de Talaq e permitiram casamentos infantis, e os exegeses do tornaram-se os defensores desse grande pecado (At Talaq 65/4).
E ponde à prova os órfãos, até que atinjam o matrimônio; então, se percebeis neles maturidade, entregai-lhes suas riquezas e não as devoreis, com dissipação e presteza, antes de eles alcançarem a maioridade. E quem é rico, que se abstenha dessas riquezas. E quem é pobre, que delas desfrute algo convenientemente. E, quando lhes entregardes as riquezas, fazei-o perante testemunhas. E basta Allah por Ajustador de contas.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Custodiai os órfãos, até que cheguem a idades núbeis. Se porventura observardes amadurecimento neles, entregai-lhes, então, os patrimônios; porém, abstende-vos de consumi-los desperdiçada e apressadamente, (temendo) que alcancem a maioridade. Quem for rico, que se abstenha de usá-los; mas, quem for pobre, que disponha deles com moderação.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
E provai a aptitude dos órfãos até que atinjam a puberdade. Quando observardes neles bom discernimento, entregai-lhes suas propriedades e não as dilapideis pela malversação e o esbanjamento. Quem for rico, que se abstenha de perceber um salário sobre elas; quem for pobre, que perceba um salário moderado. E quando lhes entregardes as propriedades, fazei-o na presença de testemunhas. Prestareis contas a Deus.
(Mansour Challita, 1970)
E experimentai os órfãos até eles atingirem a idade de se casarem; então, se neles achardes são critério, entregai-lhes os seus bens; e não os devorai em extravagância e pressão contra o seu crescimento. E quem quer que seja rico, que se abstenha; e quem quer que seja pobre, que deles coma com equidade. E quando lhes entregardes os seus bens, então tomai testemunhas na sua presença. E Allah é Suficiente como Ajuízador.
Não dai aos imaturos[¹] os vossos bens que Deus vos deu por vosso sustento. Com eles, os alimentai e os vesti. E dizei a eles palavras convenientes[²].
(Fundação Suleymaniye)
[¹] O “السُّفَهَاءَ – assufaha” que nos traduzimos como imaturos é plural da palavra safih. Significa inepto ou inapto. Os ineptos mencionados aqui, são os que não possuem as qualificações declaradas no próximo versículo, ou seja, não são de idade da maioridade ou desde que não têm suficiência mental, agem imprudentemente e não usam a propriedade corretamente. [²] Maruf significa conhecido. Essas informações são obtidas do Alcorão ou da tradição que não é contrária a ele. Seu oposto é munkar. “palavras convenientes” é a palavra verdadeira em todos os aspectos.
E não concedais aos ineptos vossas riquezas[¹] que Allah vos fez por arrimo, e dai-lhes sustento delas[²] , e vesti-os, e dizei-lhes palavras bondosas.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Apesar de o Islão garantir a liberdade individual da gerência dos próprios bens, restringe-a, em determinados casos, quando possa haver perigo de corrupção social, como é o caso dos ineptos, que a promovem, quando esbanjam os próprios bens, e dos deficientes mentais, e, por isto, incapacitados de participar, em termos de igualdade, do exercício de atividades normais. [²] Sustentar e vestir os ineptos com o fruto da manipulação inteligente de suas riquezas e não com os próprios bens, que devem mostrar-se intatos, enquanto aplicados.
Não entregueis aos néscios[¹] o vosso patrimônio, cujo manejo Deus vos confiou, mas mantende-os, vesti-os e tratai-os humanamente, dirigindo-vos a eles com benevolência.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Isto se aplica aos órfãos, mas a enunciação está perfeitamente generalizada. Os bens não somente acarretam direitos, mas também responsabilidades. Talvez o proprietário não possa, absolutamente, fazer o que lhe apraz; seus direitos são limitados ao benefício da comunidade, da qual ele é membro e se ele for incapaz de reconhecer isso, o seu controle sobre os mesmos deverá ser anulado. Todavia, isto não quer dizer que será tratado com rudeza. Pelo contrário, seus interesses devem ser protegidos e ele deverá ser tratado com especial condescendência.
E não confieis aos néscios vossas propriedades, de cuja administração Deus vos encarregou. Mas alimentai-os c vesti-os e falai-lhes com brandura.
(Mansour Challita, 1970)
E não dai aos tolos os vossos bens, os quais Allah fez para vós como um meio de sustento; mas com eles alimentai-os e vesti-os e dizei-lhes palavras de bondoso conselho.
Dai às mulheres os seus dotes[¹] como dádiva. Se elas vos dão voluntariamente algo disso, o devorai com prazer e proveito.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] A palavra traduzida como dote é saduqa. Saduqa é da raiz Sidq = صدق. O sidq mostra a força de algo, seja uma palavra ou algo. Por causa de sua força, a palavra precisa é chamada Sidq (Maqayis). De acordo com o contrato de casamento, o homem que tem de dar dote à sua mulher também é como ele dar promessa sólida a ela (An Nissa 4/21). Ele não pode retirar nada que deu a ela, seja durante a vida de casado ou depois de se divorciar. Se a mulher quer divorciar, a situação muda. Nesse caso, ele deve devolver tudo ou parte do que recebeu de sua esposa (Al Baqarah 2/229). Por essas razões, o dote é o seguro do casamento.
E concedei às mulheres, no casamento, suas saduqãt[¹], como dádiva. E, se elas vos cedem, voluntariamente, algo destas, desfrutai-o, com deleite e proveito.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Saduqãt, plural de saduqãh, que equivale ao mahr ou al faridah: ou seja, a quantia que o homem deve pagar a mulher , no ato de contrato matrimonial, como dádiva. Cf. II 236 n2.
Concedei os dotes que pertencem às mulheres e, se for da vontade delas conceder-vos algo, desfrutai-o com bom proveito.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
E concedei às mulheres os dotes convencionais. Se elas, de bom grado, vos oferecerem algo, desfrutai-o com proveito.
(Mansour Challita, 1970)
E dai de boa vontade os seus dotes às mulheres. Mas se elas, de sua própria vontade, vos remitirem uma parte disso, então gozai-vos dela como de alguma coisa agradável e benéfica.
Se temeis não tratar equitativo em relação aos órfãos, esposai (outras[¹]) duas, três ou quatro das mulheres que vos aprouver. Se temeis não tratar justo entre elas[²],esposai uma só, ou uma cativa sob vossa autoridade. Isso é o mais adequado, para que não cometais injustiça.
[²] Se um homem se casa com mais de uma mulher, seu encargo financeiro e moral aumenta e será difícil para ele tratar equitativo entre suas esposas (An Nissa 4/129).
[³] É extremamente importante que a conjunção “ou” seja usada aqui, o que significa que apenas uma das duas coisas pode acontecer. A mulher não pode ter mais do que um cônjuge (An Nissa 4/24). Porém, como o homem pode ter mais de uma esposa (An Nissa 4/3), esta disposição é apenas sobre o homem. O homem pode ter esposa cativa ou livre, mas não as duas juntas (An Nissa 4/25). Ele pode mostrar suas partes privadas só um delas (Al Muminun 23/5 – 6, Al Maarij 70/29 – 30). Assim como as relações sexuais, sem casamento, com a mulher livre são proibidas, também é proibido com uma mulher cativa (An Nissa 4/25, An Nur 24/32 – 33). Neste versículo, a expressão “ما ملكت أيمانكم = sob sua autoridade” é atribuída a “واحدة” com a preposição “أو = ou”. Uma vez que o agente da palavra “واحدة” é a ordem de “انكحوا = esposai”, e agente da palavra “ما ملكت أيمانكم = sob sua autoridade” que é atribuída a ela, não pode ser outra coisa senão a ordem de “esposai”. Porque os agentes “matuf” e “matufun alaih” devem ser os mesmos. Desde que ninguém poderá ter relações sexuais com cativas sob sua autoridade se atribuir significado correto ao este versículo, a expressão de “contentai-vos”, que é uma distorção inaceitável em termos da língua árabe, que nunca é mencionada no versículo, foi colocado em interpretações e traduções e adultério que Deus ordenou para evitar (Al An’âm 6/151, Al Isra 17/32, An Najm 53/31 – 32), foi legalizado.
E, se temeis não ser eqüitativos para com os órfãos[¹], esposai as que vos aprazam das mulheres[²] sejam duas, três ou quatro. E se temeis não ser justos, esposai uma só, ou contentaivos com as escravas que possuís. Isso é mais adequado, para que não cometais injustiça.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Tanto este versículo quanto o 127, desta mesma sura, se referem ao receio de os tutores se casarem com meninas órfãs, e a recomendação contida aqui é feita para sanar um mal, bastante disseminado na Península Arábica,em épocas pré- islâmicas, e que consistia no hábito de eles se casarem com órfâs, ou faziam-nas casar com seus filhos, a fim de assumirem seus dotes materiais e gozarem de seus dotes físicos. E, por não haver ninguém que intercedesse por elas, a injustiça perpetrada por eles continuou impune, até o advento do islão. Outra interpretação, ligada a este versículo, é de que haja sido dirigido àqueles homens que, receando cometer injustiça com os órfãos, preferiram evitar a tutoria, mas se esquecendo de outra injustiça cometida: aquela contra suas próprias mulheres que, até o islão, chegavam a um número incontável, e eram tratadas com severidade e desigualdade. O Islão não apenas lhes lembra isso, mas os aconselha a reduzir o número de mulheres no matrimônio, para que elas possam ter garantidos todos seus direitos.
[²] Sabe-se que o povo árabe adotou, durante vários séculos, a poligamia. No passado, foram inúmeros os povos que a adotaram. Desde o Patriarca Abraão até a vinda de Cristo, o Velho Testamento, por exemplo, apresenta inúmeras passagens da existência de vida conjugal poligâmica. Fundamentalmente, a poligamia resultou de dois fatores inexoráveis e incontornáveis do passado: 1.°) a mortalidade maior do sexo masculino, pelas guerras; 2.°) o repúdio dos orientais à instituição chamada prostituição. O Islão foi a primeira religião que limitou o número de esposas, no contexto poligâmico, impondo três condições ao homem: 1.°) não ultrapassar o número de quatro esposas; 2.°) não ser injusto com nenhuma delas ; e 3.°) ser apto a sustentá-las equitativamente. Ao admitir esta modalidade poligâmica, o islão apenas corrigiu uma situação anárquica, que reinava no mundo todo. Impôs a justiça no matrimônio, a fim de garantir os direitos da mulher, algo absolutamente desconhecido na antiga prática de contrair casamento até com mais de vinte mulheres, ao mesmo tempo.
Se temerdes ser injustos no trato com os órfãos[¹], podereis desposar duas, três ou quatro das que vos aprouver, entre as mulheres[²]. Mas, se temerdes não poder ser eqüitativos para com elas, casai, então, com uma só, ou conformai-vos com o que tender à mão[³]. Isso é o mais adequado, para evitar que cometais injustiças.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Note-se a cláusula condicional sobre os órfãos, introduzindo as normas concernentes ao casamento. Isto nos aclara a mente, quanto à ocasião imediata da “promulgação” deste versículo. Deu-se depois do episódio de Uhud, quando a comunidade muçulmana se viu atulhada de um sem-número de órfãos e viúvas, bem como de cativos de guerra. O tratamento dispensado a todos estes deveria ser regido pelos princípios humanitários e de igualdade. A ocasião é a coisa do passado, mas os mesmos princípios permanecem. Desposai as órfãs, se estiverdes bem certos de que, desse modo, podereis proteger os seus interesses e os seus haveres, com perfeita justiça para com elas e para com os vossos dependentes, se é que tendes algum.
[²] O número irrestrito de esposas dos “tempos de idolatria” foi, então, meticulosamente reduzido ao máximo de quatro, contanto com se pudesse tratar todas com perfeita eqüidade, no tocante às coisas materiais, bem como em afeição, e às coisas imateriais. Como tal condição é dificílima de ser preenchida, compreendemos estar a tendência descambando para a monogamia.
[³] Cativas de guerra.
E se receardes não poder tratar os órfãos com cqüidade, desposai tantas mulheres quantas quiserdes: duas ou três ou quM.ro, Contudo, se não puderdes manter igualdade entre elas, então desposai uma só ou limitai-vos às cativas que por direito possuis. Assim ser-vos-á mais fácil evitar as injustiças.
(Mansour Challita, 1970)
E se vós receardes que não sejais justos em tratar com os órfãos, então casai com tantas mulheres quanto vos possa ser agradável, duas, ou três ou quatro; e se receardes não proceder com justiça, então casai apenas com uma ou com aquilo que a vossa mão direita possui. Essa é a maneira mais próxima que tendes de evitar injustiça.
Dai aos órfãos (aos quais chegam à maioridade) seus bens[¹]. Não substituais o que é limpo com o que é sujo[²]; não devoreis seus bens juntando a vossos bens, porque isso é um grande pecado.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Vide An Nissa 4/6 [²] A palavra “tayyib/puro” neste versículo refere-se à propriedade halal pertencente à pessoa, e “khabis/sujo” refere-se à propriedade pertencente a outra pessoa e tomada injustamente. Em versículo Al An’am 6/145, enquanto as coisas que são proibidas em si mesmas são explicadas, este versículo explica o decreto das coisas que são proibidas devido a uma razão externa, como devorar os bens de outros, que é chamado de “haram lighayrihi” em fiqh. O versículo: “os que devoram as riquezas dos órfãos, injustamente, apenas devoram fogo, para dentro de seus ventres” (An Nissa 4/10) mostra isso. Como Ragheb Al-Isfahani afirmou com precisão, para que algo seja considerado “tayyib”, deve ser recebido de uma substância/fonte halal e de um lugar halal. Por exemplo, um pão obtido por furto é sujo para quem o rouba, embora seja um limpo por natureza.
E concedei aos órfãos suas riquezas e não troqueis o maligno pelo benigno, e não devoreis suas riquezas, junto com vossas riquezas[¹]. Por certo, isso é grande crueldade.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] O Islão enfatiza a importância dos cuidados dirigidos à criança órfã, cujos bens devem ser preservados, convenientemente
Concedei aos órfãos os seus patrimônios[¹]; não lhes substituais o bom pelo mau, nem absorvais os seus bens com os vossos, porque isso é um grave delito.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] A justiça para com os órfãos é prescrita com a citação especial de três tópicos quanto às tentações a que estão afeitos os guardiães: (1) não se deve adiar a restauração de todos os pertences, quando for chegado o tempo (assunto do versículo 5, desta Surata); (2) os bens restituídos deverão ser de igual valor àqueles recebidos; o mesmo princípio se aplica quando se há rol algum; (3) se os haveres forem administrados em conjunto, haverá necessidade de se consumirem os artigos perecíveis; neste caso, uma probidade rigorosa será necessária quando tiver lugar a separação.
E dai aos órfãos o que lhes pertence, e não substituais o bom pelo ruim. E não junteis seus bens aos vossos. Cometerieis grave delito.
(Mansour Challita, 1970)
E daí aos órfãos o que lhes pertence e não trocai o mau pelo bom, e não devorai os seus bens com vós próprios. Por certo, isso é um grande pecado.
Ó homens! Abstende-vos de errar contra vosso Senhor, que vos criou de um só nafs[¹] e dele criou vossos cônjuges[²] e de ambos espalhou muitos homens e mulheres pela terra. Abstende-vos de errar contra Deus, em nome de Quem vos solicitais uns aos outros, e dos laços de parentesco. Deus vos vigia.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] A palavra Nafs significa corpo e alma (Az Zumar 39/42). O nafs neste versículo é o ovo fertilizado que contém as propriedades do corpo. A formação do nafs é concluída em três regiões escuras (Az Zumar 39/6). Estes são ovários (qarar-i makîn) (Al Muminun 23/13, Al Murselat 77/21), canal uterino (mustaqar) e útero (mustavda’) (Al An’am 6/98). [²] O feminino da palavra zavj (cônjuge) não se usa no Alcorão e no árabe literário. Mulher é cônjuge do homem e homem é cônjuge da mulher. Vê-se que a expressão cônjuge aqui é cônjuge de um só nafs. Isso pode também ser entendido como cônjuge de Adão no versículo Al Araf 7/189 na expressão ليسكن إليها , porque o pronome deve ir para cônjuge de Adão.
Ó homens! Temei a vosso Senhor, Que vos criou de uma só pessoa e desta criou sua mulher² e de ambos espalhou pela terra numerosos homens e mulheres. E temei a Allah, em nome de Quem vos solicitais mutuamente, e respeitai os laços consanguíneos. Por certo, Allah, de vós, é Observante.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] An-Nissã : é a forma plural de imraah, que significa mulher, e, assim, se denomina esta sura pela menção reiterativa dessa palavra, desde os primeiros versículos. É o mais extenso do Alcorão, na análise de assuntos atinentes às mulheres, da infância, no casamento à maternidade, e as eleva a um nível, até então desconhecido. Além disso, a sura trata da estabilidade social dentro da comunidade islâmica, onde são tratadas questões de família, cuidados com os órfãos, preservação dos bens e da herança, boa existência familiar e social; e da estabilidade social fora da nação islâmica, quando orienta os moslimes sobre a Guerra Santa, os cuidados em combate, o cumprimento da oração em tempos de guerra, etc.. Esta sura analisa, outrossim, assuntos relativos aos judeus, de maneira geral, e a Jesus. [²] Desconhecem-se, no Alcorão, as particularidades de como haja sido esse cônjuge. Alguns exegetas consideram que essa mulher de Adão foi criada da costela dele, tal como se pode encontrar no Gênesis II 18-25.
Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser¹, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos² e reverenciai os laços de parentesco³, porque Deus é vosso Observador.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] Nafs, em árabe, pode significar: ser, ego, pessoa, pessoa vivente, vontade, alma, como no versículo 4 desta Surata. Min-ha: A partícula Min pode então sugerir, aqui, não uma parte ou uma fonte de alguma coisa, mas uma espécie, uma natureza, uma similaridade. O pronome há certamente se refere a Nafs. [²] Todos os nossos direitos e deveres mútuos são submetidos a Deus. Nós somos as Suas criaturas. A sua Vontade é o padrão e a medida da Benevolência; e os nossos deveres são medidos pela nossa conformidade com a Sua Vontade. Entre nós (seres humanos), nossos direitos e deveres mútuos vêm da Lei de Deus, sendo o senso do Direito implantado em nós por Ele. [³] Entre os primordiais e maravilhosos mistérios da nossa natureza, encontra-se o do sexo. Irregenerado macho é capaz, face ao orgulho de sua fortaleza física, de esquecer o papel essencial que a mulher desempenha na existência dele e em todos os relacionamentos sociais que se evidenciam em nossas vidas humanas coletivas.
Povos, temei a vosso Senhor que vos criou dc um só homem e dele tirou-lhe a esposa e de ambos fez sair inúmeros homens e mulheres. Temei a Deus em nome de quem pedis, e respeitai os laços de parentesco. Deus vos observa.
(Mansour Challita, 1970)
Oh vós povo, temei o vosso Senhor, que vos criou dum simples ser e daí criou a sua companheira, e desse casal se propagaram muitos homens e mulheres; e temei Allah, em cujo nome vós apelais uns para os outros, e temei-O em especial no que respeita a laços de parentesco. Na verdade, Allah vigia-vos.
Ó vós que credes e confiais! Pacientai[¹], competi (com vossos inimigos) em paciência, estai vigilantes em todos os momentos e abstende-vos de errar contra Deus para que possais alcançar o que esperais.
(Fundação Suleymaniye)
[¹] Ou “não rompais vossa postura”
Ó vós que credes! Pacientai e perseverai na paciência; e sede constantes na vigilância e temei a Allah, na esperança de serdes bem-aventurados.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Ó fiéis, perseverai, sede pacientes, estai sempre vigilantes e temei a Deus, para que prospereis[¹].
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] (Falah) aqui, e em outras passagens, deve ser entendida em um sentido amplo, incluindo a prosperidade nos nossos afazeres terrenos, bem como no nosso desenvolvimento espiritual. Em ambos os casos, ela implica em felicidade e na concretização dos nossos desejos, purificados pela mercê de Deus.
Ó vós que credes, sede perseverantes, tenazes, vigilantes, e temei a Deus. Quiçá vençais.”
(Mansour Challita, 1970)
Oh vós que credes, sede constantes e esforçai-vos por primar com constância, e mantende-vos em guarda e temei Allah para que possais prosperar.
Entre os adeptos do Livro há os que creem e confiam em Deus, no que foi descido para vós e no que foi enviado para eles, se humilhando perante Deus. Eles não trocam os versículos de Deus por proveito transitório. Eles têm seu prêmio junto de seu Senhor. Deus ajusta rápido a conta.
(Fundação Suleymaniye)
E, por certo, há, dentre os seguidores[¹] do Livro, os que crêem em Allah, e no que foi descido para vós, e no que fora descido para eles, sendo humildes para com Allah, não vendendo os sinais de Allah por ínfimo preço. Esses terão seu prêmio junto de seu Senhor. Por certo, Allah é Destro no ajuste de contas
. (Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Ou seja , os judeus e os cristãos.
Entre os adeptos do Livro há aqueles que crêem em Deus, no que vos foi revelado, assim como no que lhes foi revelado, humilhando-se perante Deus; não negociam os versículos de Deus a vil preço. Terão sua recompensa ante o seu Senhor, porque Deus é Destro em ajustar contas.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Entre os adeptos do Livro há os que crêem em Deus e no que vos foi revelado e no que lhes foi revelado, e prostram-se diante de Deus. E não vendem Suas revelações por pouco. Esses receberão recompensas de seu Senhor. Deus é rápido no ajuste das contas.
(Mansour Challita, 1970)
E por certo entre o povo do Livro há alguns que crêem em Allah e no que foi enviado para vós e no que foi enviado para eles, humilhando-se perante Allah. Eles não deram os Sinais de Allah com troca de um preço mesquinho. São estes que terão a sua recompensa com o seu Senhor. Por certo, Allah é rápido na conta.
E para os que se abstêm de errar contra seu Senhor, foram preparados jardins nos quais correm os rios, onde se hospedarão junto a Deus e onde residirão imortalmente. Tudo preparado junto a Deus é melhor para os virtuosos.
(Fundação Suleymaniye)
Mas os que temem a seu Senhor terão Jardins, abaixo dos quais correm os rios; nesses, serão eternos, como hospedagem de Allah. E o que há junto de Allah é melhor para os virtuosos.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
Entretanto, aqueles que temem a seu Senhor terão jardins, abaixo dos quais correr os rios, onde morarão eternamente, como dádiva de Deus. Sabei que o que está ao lado de Deus é o melhor para os virtuosos.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Mas aqueles que temem ao Senhor terão jardins onde correm os rios, e lá permanecerão na hospedagem de Deus para todo o sempre. Aos benfeitores, Deus reserva dádivas abundantes.
(Mansour Challita, 1970)
Mas os que temem o seu Senhor terão jardins através dos quais correm rios; lá eles morarão —uma hospitalidade da parte de Allah. E o que está com Allah é ainda melhor para os justos.
Não te iluda, Muhammad, a prosperidade, nas terras, dos que renegam a Fé[¹]:
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Este versículo foi dirigido aos que se deixavam seduzir pelas enganosas aparências, e aos que, não se conformando com situação próspera dos idólatras, em suas andanças à cata de riquezas, indagaram do Profeta por que eles, crentes, não gozavam dos mesmos privilégios, e se encontravam à míngua.
Que não te enganem, pois (ó Mohammad), as andanças (mercantilistas) dos incrédulos, na terra.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
Não te iludam as andanças dos descrentes pela terra.
(Mansour Challita, 1970)
Não deixes que o deambular dos descrentes pela terra te iluda.
Seu senhor os responde: “Não deixo se perder o esforço de quem de vós que se esforçar bem, seja homem ou mulher. (Junto a Mim) Um de vós não é diferente do outro[¹]. Quanto àqueles que emigraram, foram expulsos de seus lares, foram molestados em Meu caminho, combateram, foram mortos; encubro as suas más obras e levo para jardins nos quais correm os rios. Boa recompensa está junto a Deus.
Então, Seu senhor atendeuos, dizendo; “Por certo, não faço perder o labor de um laborioso, entre vós, seja varão[¹] ou varoa: procedeis uns dos outros. Então, aos que emigraram e foram expulsos de seus lares e foram molestados em Meu caminho e combateram e foram mortos em combate remir-Ihes-ei as más obras, e fá-los-ei entrar em Jardins, abaixo dos quais correm os rios, como retribuição de Allah. E junto de Allah está a aprazível retribuição.
(Dr. Helmi Nasr, 2015)
[¹] Este versículo foi revelado quando Umm Salamah, mulher do Profeta Muhammad, lhe confessou não entender porque, no Alcorão, não foram mencionadas as mulheres, assim como os homens, quando trata das recompensas da Hégira.
Seu Senhor nos atendeu, dizendo: Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher[¹], porque procedeis uns dos outros. Quanto àqueles que foram expulsos dos seus lares e migraram, e sofreram pela Minha causa, combateram e foram mortos, absorvê-los-ei dos seus pecados e os introduzirei em jardins, abaixo dos quais corres os rios, como recompensa de Deus[²]. Sabei que Deus possui a melhor das recompensas.
(Prof. Samir El Hayek, 1974)
[¹] No Islam, a igualdade de condições entre os sexos, não somente é reconhecida, como imposta veementemente. Se a distinção dos sexos, que é uma distinção fornecida pela natureza, não conta em questões espirituais, muito menos contarão, certamente, as distinções artificiais, tais como: linhagem, riqueza, posição, raça, cor, origem etc. [²] Aqui, como no versículo 198 desta Surata, acima, e em muitos outros locais algures, é dado um destaque no sentido de que, seja qual for a dádiva, a recompensa ou a bem-aventurança que advenha àqueles de conduta reta, o seu principal mérito repousa no fato de tudo emana da Presença do Próprio Deus. A “Proximidade de Deus” expressa essa ocorrência melhor do que qualquer outro símbolo.
Deus respondeu-lhes: “Não desprezarei o trabalho de nenhum dentre vós, homem ou mulher. Vós procedeis uns dos outros. Aqueles que deixaram suas terras e foram expulsos de suas casas e perseguidos por Minha causa e sofreram danos e combateram e foram mortos, absolvê-los-ei dos pecados e os conduzirei a jardins onde correm os rios: uma recompensa de Deus. Deus dá grandes recompensas.
(Mansour Challita, 1970)
De modo que o seu Senhor respondeu às suas orações, dizendo: ‘Eu não consentirei que o trabalho de nenhum trabalhador dentre vós, quer macho ou fêmea, seja perdido. Vós vindes uns dos outros. Por isso os que emigraram, e foram expulsos de suas casas, e têm sido perseguidos na Minha causa, e tem combatido e sido mortos, Eu por certo deles removerei os seus pecados e farei com que entrem em jardins através dos quais correm rios: uma recompensa da parte de Allah, e com Allah está a melhor das recompensas.’