Para quem, entre vós quer antecipar-se ou atrasarse.¹
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Antecipar-se ou atrasar-se: empenhar-se ou não em fazer o bem.
E para aquele, dentre vós, que se antecipa ou se atrasa!¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Três interpretações são possíveis: (1) aqueles que se antecipam devem ser os virtuosos, e os que se atrasam, devem ser os preguiçosos, os incrédulos, que rejeitam o amor, o zelo e a graça de Deus; (2) pode-se atribuir o texto a homens de duas espécies de temperamento: aqueles que estão sempre na vanguarda e aqueles que sempre estão na retaguarda:; (3) ou pode-se concluir que as advertências são efetivas, apenas para aqueles que almejam mover-se para a frente e para trás, conforme o caso, mas estão perdidos, no estado letárgico.
Tanto os que se adiantam e abraçam a nova fé como os que ficam para trás.
Mansour Challita, 1970
Para aquele dentre vós que deseja avançar ou hesitar.
¹ A noite, quando iluminada pelo luar, é clara, num sentido, mas na realidade é escura e deve dar lugar à aurora, quando aparece como arauta do sol. O mesmo se dá nos assuntos espirituais; quando cada alma se der conta da sua própria responsabilidade, parecerá cada vez menos capacitada a refletir a luz, e através da beleza de um despertar, estará preparada, cada vez mais, para o esplendor da luz divina, a meta dos céus dos nossos sonhos.
¹ De acordo com a opinião do exegeta Al Qurtubi, in Al Jamili Ahkami Alcorão, vol. 19, Cairo, 1957, p.84, traduzimos ‘kalla’ pela locução adverbial ‘de fato’, em lugar de ‘em absoluto’.
—E não fizemos por guardiães do Fogo senão anjos. E não fizemos seu número senão como provação para os que renegam a Fé, para que aqueles aos quais fora concedido o Livro se convençam disso; e para que os que crêem se acrescentem em fé; e para que aqueles¹ aos quais fora concedido o Livro e os crentes não duvidem; e para que aqueles, em cujos corações há enfermidade, e os renegadores da Fé, digam: “Que deseja Allah com isto, como exemplo? ” Assim, Allah descaminha a quem quer e guia a quem quer. E ninguém sabe dos exércitos de teu Senhor senão Ele. – E ela² não é senão lembrança para os mortais.
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Alusão aos judeus, cujas Escrituras anunciam idêntico número de guardiães do Fogo. ² Ela: Geena ou Saqar.
E não designamos guardiães¹ do fogo, senão os anjos, e não fixamos o seu número, senão como prova para os incrédulos, para que os adeptos do Livro se convençam; para que os fiéis aumentem em sua fé e para que os adeptos do Livro, assim como os fiéis, não duvidem; e para que os que abrigam a morbidez em seus corações, bem como os incrédulos, digam: Que quer dizer Deus com esta prova? Assim Deus extravia quem quer e encaminha quem Lhe apraz e ninguém, senão Ele, conhece os exércitos do teu Senhor. Isto não é mais do que uma mensagem para a humanidade.²
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ O significado místico dos números é um ema favorito de alguns escritores, mas nós não damos ênfase a isso. Na teologia cristã, o número da Besta, 666, em Revelações, 13:18, levantou muita controvérsia, e pode referir-se apenas ao valor numérico das letras do nome do imperador romano Nero. ² Um juramento, na língua humana, invoca algo sagrado, no coração do homem. Na mensagem de Deus, também, quando revelada em linguagem humana, a ênfase solene é indicada por um apelo a algo formidável, entre os sinais d’Ele, indo diretamente para o coração do homem, ao qual está endereçado. De qualquer maneira, o apelo refere-se ao ponto em particular, reforçado no argumento.
E não designamos para administrar o Fogo senão anjos. E fizemos de seu numero um assunto disputado entre os descrentes, para aumentar a convicção dos que receberam o Livro, fortalecer a fé dos que creem e afastar as dúvidas de todos eles – e para que os descrentes e os que têm a doença no coração digam: “Que quis Deus sugerir com esse exemplo? ” Assim Deus desencaminha quem Lhe apraz e guia quem Lhe apraz. Ninguém conhece os soldados de teu Senhor senão Ele, Tudo isso nada mais do que uma recordação para os homens. Quiçá se lembrem!
Mansour Challita, 1970
E Nós não temos feito que nenhuns senão anjos sejam guardas do Fogo. E Nós não havemos fixado o seu número a não scr como prova para os que descreem, de modo que aqueles a quem o Livro tenha sido dado possam alcançar a certeza, e que os que creem possam aumentar eni fé, e que aqueles a quem o Livro tenha sido dado e os crentes não possam duvidar, e que aqueles em cujo coração está doença c os descrentes possam dizer, “O que quere Allah dizer com esta similitude?” Assim Allah considera extraviado a quem Lhe apraze guia a quem Lhe apraz. Ninguém conhece as hostes do teu Senhor senão Ele. Isto nada mais é que uma Advertência para a humanidade.
¹ Quem são os dezenove? E por que este número? Os 19 guardiões do inferno são compreendidos, simbolicamente, como anjos ou faculdades humanas. O Imam Fakhurddin Razi os classifica como 19 faculdades ou poderes humanos, os quais, quando devidamente usados, levam o homem ao avanço espiritual. Se mal usados, porém, levam-no à perdição. Essas faculdades ou esses poderes podem ser comparados com os anjos, pois estes são poderes ou instrumentos de algo do mundo espiritual.
Então, disse; “Isso não é senão magia herdada dos antepassados.
Dr. Helmi Nasr, 2015
E disse:¹ Este (Alcorão) não é mais do que magia, oriunda do passado;
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Os exegetas consideram que esta passagem se refira a Ualid Ibn Mughia, um sibarita rico, idólatra ao extremo, e um inveterado inimigo do Profeta. El e Abu Jahl fizeram tudo o que estava ao seu alcance, desde o início da pregação do Islam, para injuriarem e perseguirem o pregador, e para destruírem a sua doutrina e injuriarem também aqueles que nela acreditavam. Mas o significado, para nós, é a inspiração divina. Eles procuram explicar a sua maravilhosa influência sobre as vidas humanas por uma fórmula insignificante, como “mágica”. A esperança eterna, para eles, é mera ilusão humana.
E declarou: “Este Alcorão não é senão magia aprendida
Mansour Challita, 1970
E disse, “Isto nada mais é que uma mágica vinda dos antigos;
¹ Segundo alguns exegetas, o castigo de Al Walid será a escalada de ígnea montanha, e, tão logo chegue a seu cume, resvalará, para reiniciar, indefinidamente, a tormentosa escalada, onde se pode perceber certa analogia sisífica.
¹ Al Walid, apesar de descrer do quanto pregasse o Profeta, intimamente, almejava que Deus o favorecesse ainda mais, na outra vida, e, com a pretensão de ganhar o Paraíso, dizia: “Se diz Muhammad a verdade, então o Paraíso é meu”.
E que ainda pretende que lhe sejam acrescentados (os bens)!
¹ Ter os filhos presentes simboliza que estes, em virtude da prosperidade paterna, jamais precisavam sair a trabalho ou ausentar-se por combate. Dessa forma, o pai desconhecia a preocupação de seu afastamento deles.
¹ Alusão a Al Walid Ibn Al Mughirah, que vivia em grande prosperidade, e, contudo, negou a Mensagem divina, tornando-se dos mais temíveis adversários do Profeta.
E não esperes qualquer aumento (em teu interesse),¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ A fórmula legal e comercial é dar para receber. Geralmente, esperamos receber algo melhor do que aquilo que demos. A consideração espiritual é dar e nada esperar em troca. Nós servimos a Deus e às Suas criaturas.
E não dés, visando a receber mais,
Mansour Challita, 1970
E não concedas favores buscando a receber mais em retorno.
¹ Abominável: traduz ar-rujz, o abominável tormento, o castigo. O versículo ordena o Profeta a afastar-se do que causa o tormento ou o castigo, ou seja, a idolatria.
¹ Al Muddaththir: particípio presente do verbo tadaththara, agasalhar-se. Essa palavra aparece no versículo 1 e denomina esta sura, que exorte o Profeta a admoestar seu povo, e a glorificar a Deus, e a rechaçar o que acarreia o castigo; anuncia, ainda, o toque da corneta, a severidade das punições aos descrentes; recomenda ao Profeta deixar nas mãos de Deus a questão dos negadores da graça divina; descreve a maneira pela qual o renegador da Fé detrai o Alcorão; alude a Saqar, uma das designações do Fogo infernal, e ao castigo terrível que ele preconiza; relembra que cada um é recompensado pelo que faz; menciona os Companheiros da direita e suas inquirições acerca dos criminosos. Finalmente, salienta que o Alcorão é lembrança para quem quer haurir benefícios na palavra divina. ² Segundo já se disse na sura anterior, nota 2, do assombro extraordinário sentido por Muhammad, quando da revelação no monte Hira, voltando ele para casa, suplicou à família o agasalhasse; e o anjo Gabriel, ao interpelá-lo, uma outra vez, assim o chamou: “agasalhado”.
Ó tu, emantado!¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Como é comum, nestes maravilhosos versículos místicos, há uma dupla corrente de pensamento: (1) uma ocasião ou pessoa particular é mencionada; (2) uma lição geral e espiritualizada é ensinada. Quanto à primeira, o Profeta ultrapassava o estágio de contemplação pessoal, deitado ou sentado, com o seu manto; devia então corajosamente sair e proclamar, publicamente, a sua mensagem. O seu coração fora sempre puro, mas então os seus feitos exteriores deveriam ser dedicados a Deus, e o respeito convencional aos costumes antigos devia ser posto de lado. O trabalho, como mensageiro, era a mais generosa dádiva que poderia brotar de sua personalidade; não devia, contudo, esperar nenhuma recompensa ou reconhecimento do seu povo. Ao contrário, haveria maior exigência da sua paciência, o seu contentamento surgiria do fato de aprazer a Deus.
Por certo, teu Senhor sabe que te levantas para orar, durante menos de dois terços da noite, ou durante sua metade, ou seu terço, e, também, uma facção dos que estão contigo. E Allah determina a noite e o dia. Ele sabe que não podereis enumerá-la¹ então, voltou-Se para vós.² Lede, pois, o que vos for possível do Alcorão. Ele sabe que existirão, entre vós, enfermos e outros que percorrerão a terra, buscando algo do favor de Allah, e outros que combaterão no caminho de Allah. Então, lede o que for possível dele. E cumpri a oração e concedei az-zakah¹ e emprestai a Allah um bom empréstimo. E tudo de bom, que antecipardes a vós mesmos, o encontrareis junto de Allah, melhor e mais grandioso em prêmio. E implorai perdão a Allah. Por certo, Allah é Perdoador, Misericordiador.
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ La: a noite, ou seja, as horas da noite, que não podem ser calculadas com precisão, dada a ausência do sol, utilizado pelos antigos no cálculo das horas. ² Deus isentou os crentes dessa obrigação. ³ Cf II 43 n5.
Em verdade, o teu Senhor sabe que tu te levantas para rezar, algumas vezes durante dois terços da noite, outras, metade, e outras, ainda, um terço,¹ assim como (o faz) uma boa parte dos teus; mas Deus mede a noite e o dia, e bem sabe que não podeis precisar (as horas),² pelo que vos absolve. Recitai, pois, o que puderdes do Alcorão!³ Ele sabe que, entre vós, há enfermos, e outros que viajam pela terra, à procura da graça de Deus, e outros, que combatem pela causa de Deus.⁴ Recitai, oferecei espontaneamente a Deus. E todo o bem que fizerdes, será em favor às vossas almas; achareis a recompensa em Deus, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.⁵
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ O Profeta e um grupo zeloso dos seus Companheiros ficavam acordados aproximadamente dois terços ou metade da noite, permanecendo em oração e recitando o Alcorão. É-lhes dito ser isto muito severo, especialmente se a sua saúde for afetada, ou se estiverem lutando denodadamente pela causa de Deus. ² A duração da noite e do dia solar, e a hora precisa da metade da noite só podem ser determinadas por observações precisas de um céu claro ou por intermédio de cronômetros, o que não é possível a qualquer um realizar. Deus fixou a noite e o dia em devidas proporções, para o descanso e para o trabalho do homem. Para se efetuarem as orações não há necessidade de observações meticulosas daquele tipo, e nem elas são possíveis. As orações podem ser efetuadas de várias maneiras, como é explicado abaixo. ³ A leitura do Alcorão, aqui, é quase equivalente à oração e às evocações religiosas. Isto não deve ser transformado numa obsessão cega ou numa carga. Devemos fazê-lo atentamente e não de forma mecânica. ⁴ Isto se refere ao Jihad (a luta pela causa de Deus). ⁵ Comparar com a frase bíblica: “Ajuntai tesouros no céu” (Mateus 6:20).
Teu Senhor sabe que permaneces em vigília quase dois terços da noite, e às vezes a metade, ou o terço, assim como um grupo de teus companheiros. E Deus mede a noite e o dia. Sabe que nunca podeis contar as horas com precisão e volta-Se para vós com clemência. Recitai, pois, o que puderdes do Alcorão. Deus sabe que alguns dentre vós estão enfermos e que outros estão viajando à procura de Sua misericórdia e que outros estão lutando pela Sua causa. Recitai, pois, o que puderdes do Alcorão, e observai a oração, e pagai o tributo dos pobres, e fazei a Deus um empréstimo desinteressado. Toda boa ação que fizerdes em benefício de vossas almas, encontrá-la-eis junto a Deus, aumentada. E implorai o perdão de Deus. Ele é perdoador e clemente.
Mansour Challita, 1970
Sem dúvida, o teu Senhor sabe que tu estás de pé rezando durante cerca de dois terços da noite, e algumas vezes metade ou um terço dela, e um partido também dos que estão contigo. E Allah determina a medida da noite e do dia. Ele sabe que vós nunca podeis mentes a sua medida, por isso Ele se há voltado para vós com misericórdia. Recitai, pois, tanto do Corão quanto vos for fácil. Ele sabe que haverá alguns dentre vós que possam estar doentes e outros que possam andar viajando pela terra em busca da beneficência de Allah, e outros que possam estar combatendo na causa de Allah. De modo que recitai dele o que for fácil para vós, e observai a Oração, e pagai o Zakat, e desta maneira fazei a Allah um avultado empréstimo. E qualquer bem que envieis adiante de vós para a vossa alma, achá-lo-cis com Allah, melhor e maior em recompensa. E buscai a perdão de Allah. Em boa verdade, Allah é indulgente, Misericordioso.
Por certo, enviamo-vos¹ um Mensageiro, por testemunha de vós, como enviáramos um Mensageiro a Faraó.
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Referência aos idólatras de Makkah.
Sabei que vos enviamos um Mensageiro, para ser testemunha contra vós,¹ tal como enviamos um mensageiro ao Faraó.
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ O nosso Mensageiro tinha de avisar a sua geração, regenerá-la, quanto ao pecado, e ser testemunha, a favor dos virtuosos, e contra os maus, como o fez Moisés, na sua geração.
Enviamo-vos um Mensageiro para que testemunhe contra vós, como enviamos um Mensageiro ao Faraó.
Mansour Challita, 1970
Em verdade. Nós vos havemos enviado um Mensageiro, que é uma testmunha sobre vós, do mesmo modo que Nós enviamos um Mensageiro ao Faraó.
E alimento, que provoca engasgo, e doloroso castigo,
Dr. Helmi Nasr, 2015
Um alimento que engasga e um doloroso castigo.¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Em termos gerais, a penalidade, pelo pecado, deve ser descrita como uma penalidade grave, uma agonia. Ela poderá ou não acontecer nesta vida, porém na próxima será inexorável. Podemos, também, considerar a punição sob um outro aspecto. O primeiro objetivo da punição é proteger o inocente das devastações do criminoso; temos de coibir isso. O objetivo seguinte é acender em seu coração a chama do arrependimento, para consumir as suas más inclinações e para iluminar a sua consciência em fazermos algo que lhes cause dor, privando-os de coisas que normalmente lhes causam prazer, tais como alimento, bebidas, e satisfação das necessidades físicas. As pessoas em que as altas faculdades espirituais estão dormentes podem, talvez, ser acordadas através dos mais baixos traços físicos de sua vida. Quando também isto falha, há, finalmente, a agonia completa, um tipo ou símbolo muito terrível para contemplar.
E alimentos que produzem a sufocação, e um castigo doloroso.