Por certo, os que renegam a Fé, dentre os seguidores do Livro, e os idólatras estarão no Fogo da Geena: nela serão eternos. Esses são os piores de toda a criação.
Dr. Helmi Nasr, 2015
Em verdade, os incrédulos, entre os adeptos do Livro, bem como os idólatras, entrarão no fogo infernal, onde permanecerão eternamente. Estas são as piores das criaturas!¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Receber a faculdade da discriminação entre o certo e o errado, e, então, rejeitar a verdade, constitui o pior dos desatinos, que as criaturas dotadas com tal faculdade poderiam cometer. Isto acarretará punição, quer a pessoa se denomine de “filho de Abraão, ou um dos redimidos por Cristo:, ou guie-se meramente pela luz da natureza e da razão, como os pagãos. Aos olhos de Deus, a honra não é oriunda da raça ou da profissão de fé, mas da conduta sincera e virtuosa.
Os descrentes dentre os adeptos do Livro e os idólatras irão para o fogo da Geena onde permanecerão para todo o sempre. São eles as piores de todas as criaturas.
Mansour Challita, 1970
Em boa verdade, os que descreem, dentre o povo do Livro e os idólatras, estarão no Fogo do inferno, lá dentro morando. Eles são as piores das criaturas.
E não Ihes¹ fora ordenado senão adorar a Allah, sendo sinceros com Ele na devoção, sendo monoteístas, e cumprir a oração e conceder az-zakah² (a ajuda caridosa). E essa é a religião reta.
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Lhes: aos seguidores do Livro. ² Cf lI 43 n5.
E lhes foi ordenado que adorassem sinceramente a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o zakat; esta é a verdadeira religião.
Prof. Samir El Hayek, 1974
Ora, o que lhes foi recomendado? Que adorassem Deus, sendo sinceros para com Ele na religião, que fossem homens de uma fé única, que recitassem a oração e pagassem o tributo dos pobres. Não é essa a religião verdadeira?
Mansour Challita, 1970
E eles apenas foram ordenados que servissem a Allah, sendo sinceros para com Ele em obediência, e sendo equitativos, e que observassem a Oração, e pagassem o Zakat. E essa é a religião do povo de caminho reto.
Um Mensageiro de Allah,¹ que recitasse páginas purificadas,
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Ou seja, o Profeta Muhammad. O povo do Livro, os judeus e os cristãos, assim como os idólatras, diziam que jamais renunciariam a seus cultos, até que lhes chegasse o Profeta prometido na Tora e no Evangelho. Mas quando Muhammad chegou, não creram nele e tudo fizeram para infamá-lo.
Um Mensageiro de Deus, que lhes recitasse páginas purificadas,
Prof. Samir El Hayek, 1974
Um Mensageiro enviado por Deus que recitasse páginas purificadas
Mansour Challita, 1970
Um Mensageiro de Allah, recitando-as puras escrituras,
Os que renegam a Fé, dentre os seguidores do Livro, e os idólatras não estavam propensos a renunciar a seus cultos, até que lhes chegasse a evidente prova¹:
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Al Bayinah: adjetivo derivado do verbo bana, evidenciar-se. Essa palavra, que concorda implicitamente, com o substantivo oculto prova, aparece nos versículos 1 e 4 e denomina a sura, que se refere, de início, aos judeus, cristãos e idólatras de Makkah, de quem se esperava cressem no Profeta, já que tinham conhecimento de que ele surgiria, na Península Arábica. Entretanto, quando este adveio, e apoiado pelo Alcorão, divergiram e não creram nele. Aliás, a culpa, nessas divergências, coube aos judeus e cristãos, povos letrados e que sabiam da veracidade da vinda do Profeta, pelas Escrituras. Daí, ser-lhes prometido o Fogo eterno da Geena. Quanto aos crentes, serão recompensados com os Jardins do Éden, e Deus se agradará deles, e eles se agradarão de Deus.
Os incrédulos, entre os adeptos do Livro,¹ bem como os idólatras, não desistiriam da sua religião, a não ser quando lhes chegasse a Evidência:
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Os Adeptos do Livro, aos quais se reporta o versículo, são os judeus e os cristãos, que receberam escrituras, na mesma linha de profecias, tal qual o nosso Profeta. Suas escrituras deveriam tê-los preparado para o advento da chegada do maior e derradeiro dos profetas. Quanto aos judeus, suas escrituras lhes prometeram, sendo eles primos dos árabes ou irmanados com estes, um profeta igual a Moisés: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um Profeta como tu, da tua nação, e dentre os teus irmãos; a este ouvirás”.(Deuteronômio, 18:15). E Cristo promete um consolador (João 14:16; 15:26) quase pelo nome. Todavia, quando o Profeta prometido chegou, na pessoa de Mohammad, rejeitaram-no, porquanto não estavam em busca da Verdade, mas seguindo as suas próprias fantasias, desejos e devaneios.
Os descrentes dentre os adeptos do Livro e os idólatras nunca desistiríam de sua descrença enquanto não lhes chegasse a prova:
Mansour Challita, 1970
Os que descreem dentre o povo do Livro e os idólatras não podiam ficar livres de erro enquanto lhes nào viesse a prova clara.
¹ O numeral “mil” deve ser tomado em um sentido indefinido, como se demonstrasse um período de tempo muito extenso. Isso não se refere às nossas idéias de tempo, mas sim ao Tempo eterno. Um momento luzidio, sob a Luz de Deus, é melhor do que mil meses ou anos de vida animal, sendo que tal momento transforma a noite de travas em um período de glória espiritual.
A noite de Kadr vale mais do que mil meses.
Mansour Challita, 1970
A noite do Destino é melhor do que um milhar de meses.
¹ Por certo, fizemo-lo descer, na noite de al Qadr.²
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Al Qadr: substantivo derivado de qadara, magnificar e refere-se à magnífica noite da Revelação. Essa palavra aparece nos versículos 1, 2 e 3 e nomeia a sura, onde se magnifica o Alcorão e a noite em que ele desceu ao primeiro céu, a qual corresponde à vigésima sétima noite do mês de Ramadãn, a partir de quando o Alcorão começou a ser revelado a Muhammad. Essa noite é tão preciosa, que vale mais que mil meses; desde então, descem todos os anos e com a permissão de Deus, anjos, acompanhados de Gabriel, todos encarregados de dar determinações concernentes à Humanidade (nascimento, morte, prosperidade, adversidade, etc.). Durante toda essa noite, não há animosidade alguma: reina a paz até o romper da aurora. ² Lo: o Alcorão, que foi feito descer da Tábua custodiada, ou seja, do Livro do Destino, junto de Deus, até o primeiro céu, de onde, por 23 anos subseqüentes, foi revelado a Muhammad pelo anjo Gabriel.
Sabei que o revelamos (o Alcorão), na Noite do Decreto.¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Os literalistas acham que se trata de alguma noite em particular do calendário. Mas não há consenso, quanto que a noite seja. A 23ª, a 25ª da noite do mês de Ramadan, bem como outras noites foram aventadas. É de bom alvitre ter em mente o seu sentido místico, que também aparece no versículo 3 desta surata, onde se diz que a Noite do Decreto é melhor do que mil meses. Ela transcende o tempo, porquanto se trata do Poder de Deus, dissipando as Trevas da ignorância, com a sua Revelação em todas as espécies de assuntos.
¹ Os coraixitas pagãos, que formavam uma opressiva junta ao conselho para dirigir a Caaba, tinham afinidades com Abu Jahl, embora não chegassem aos desabridos extremos que chegava este último. Porém, não foram capazes, todos combinados, de reter a marcha progressiva da missão divina, embora fizessem tudo para contê-la.
¹ Alusão a Abu Jahl, dos mais ferrenhos inimigos do Profeta, que tinha a audácia de proibilo de orar.
Viste aquele que impede¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ As palavras poderão ser geralmente aplicadas à humanidade perversa, que não somente procura rebelar-se contra as Leis de Deus, mas ainda procura impedir os outros de as seguirem. Poderá, todavia, haver uma referência, aqui, a Abu Jahl, um contumaz inimigo do Islam, que no começo costumava insultar e perseguir o Profeta e aqueles que seguiam os seus ensinamentos. Com efeito, ele costumava usar de métodos vergonhosos, para evitar que o Profeta fosse à Caaba praticar as suas devoções, e proibir qualquer um que fosse oferecer as suas orações, sob a influência do Profeta. Abu Jahl era arrogante e orgulhoso da sua riqueza; mas ele encontrou o seu fim, na batalha de Badr.
¹ Os símbolos de uma revelação permanente são o cálamo místico e o Registro Místico. As palavras que traduzem “ensino” e “conhecimento” possuem a mesma raiz. Numa tradução, é impossível produzir-se uma completa harmonia orquestral para as palavras ler, ensinar, cálamo (que implicam em leitura, escrita, livro, estudo, pesquisa): “conhecimento” (que inclui ciência, conscientização de si mesmo, compreensão espiritual); e “proclamar” (um significado alternativo da palavra “ler”). Tal proclamação ou leitura implica não somente no dever de proclamar a mensagem de Deus, intrínseco à missão, mas também no dever de promulgar, e amplamente disseminar a Verdade, por entre todos os que a possam compreender.
¹ A origem animal pouco lisonjeira, do homem, é contrastada com o seu destino altipotente, concedido a ele em sua natureza intelectual, moral e espiritual, por seu Liberalíssimo Criador. Nenhum conhecimento é vedado ao homem; pelo contrário, através das faculdades, gratuitamente concedidas a ele, o ser humano adquire-o em quantidades tais, que ultrapassam a sua compreensão imediata, levando-o a diligenciar por significados cada vez mais inéditos.
¹ AI AIaq: a aderência, que se forma da fusão do espermatozóide com o óvulo. Maiores considerações acerca da polêmica lexicológica, erguida a respeito dessa palavra, vide as duas obras de Maurice Bucaille, La Bible, Le Coran et la Science, p. 200, Ed. 1976, e L” Homme, d ou vient-il? , p. 186, Ed. 1981. Essa palavra aparece no versículo 2 e nomeia a sura, que, aliás, é a primeira revelada ao Profeta, portanto, a mais antiga de todas. Inicialmente, há a fala do anjo Gabriel à Muhammad, no monte Hirá, convocando-o à recitação – em nome de Deus – do que lhe vai ser revelado. A seguir, a sura menciona que Deus, se é Capaz de criar o ser humano, de ínfima gota seminal, é mais Capaz, ainda, de ensinar-lhe a escrita, com que adquirirá ele ciência, para transmiti-la aos demais. Deus é fonte de todo o saber humano: ensina ao homem o que ele não sabe. Ressalta que a riqueza e o poder, no mais das vezes, conduzem o ser humano à transgressão, e lembra que o retorno final será a Deus. Faz advertência aos que impedem os outros de orar e fazer o bem. Finalmente, aconselha a desobediência aos rebeldes, e a obediência a Deus.
Lê,¹ em nome² do teu Senhor Que criou;
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Ikra pode significar “lê”, ou “recita”, ou “proclama em voz alta” (o arrebatamento compreendido como a Mensagem de Deus). Só para se ter uma idéia das circunstâncias em que se deu esta primeira revelação de incumbência divina de pregar e proclamar a Mensagem de Deus, saiba-se que esta chegou ao Profeta na caverna de Hirá. Ele não era versado nas letras terrenas, mas a sua mente e a sua alma estavam plenas de conhecimentos espirituais, e era chegada a hora de ele comparecer perante o mundo, e declarar a sua missão. ² A declaração ou proclamação deveria ser feita em nome de Deus, o Criador. Não deveria resultar em qualquer benefício para o Profeta; para ele, aquilo acarretaria acirrada perseguição, agruras e sofrimento. A proclamação constituía o chamado de Deus para o benefício da humanidade errante. Deus é mencionado, pelo atributo “teu Senhor”, para estabelecer uma relação direta entre a fonte de Mensagem e o seu proclamador. A Mensagem não foi meramente uma abstrata proposição filosófica, mas uma mensagem concreta e direta, de um Deus pessoal, às criaturas, que Ele ama e por quem Ele vela. O pronome “teu”, referente ao Profeta, é adequado, por duas razões: (1) ele mantinha um contato direto entre o Mensageiro Divino (Gabriel) e Aquele que enviou a Mensagem; (2) representava toda a humanidade, num sentido mais amplo do que aquele em que Jesus Cristo é denominado “O Filho do Homem”.
¹ Alusão à cidade sagrada de Makkah, onde toda violência é proibida, e onde todos experimentam a segurança e a tranqüilidade.
E por esta metrópole segura (Makka),¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Após termos discutido, em detalhes, os quatro símbolos, passemos a considerá-los em conjunto. Está claro que eles se referem à Luz de Deus ou Revelação, a qual mostra ao homem o mais altruístico destino, caso ele se disponha a seguir o Caminho. A cidade de Makka está, para o Islam, como o Monte Sinai, para Israel, como o Jardim das Oliveiras, para a original e pura Mensagem de Jesus Cristo. Seguindo este princípio, todas as grandes religiões do mundo poderiam ser indicadas. Entretanto, mesmo que nos referíssemos ao figo e à oliva no tocante simbolismo contido em suas naturezas como frutos, e não a qualquer religião em especial, o contraste entre o Melhor e o Pior destinos do homem persistiria, e ele continuaria a constituir no escopo principal.
¹ At-Tin: o figo. Este nome, que aparece no versículo 1, nomeia a sura, em que há juramento por dois frutos abençoados e dois locais sagrados; afirma que Deus criou o ser humano na mais extraordinária forma, mas este, não desempenhando seu papel a contento, é passível de degradar-se ao mais ínfimo dos degraus. Quanto aos crentes, que bem obram, possuirão bens permanentes. Finalmente, indaga das razões dos que desmentiram o Dia do Juízo.
Pelo figo¹ e pela oliva,
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ A clausula substantiva encontra-se nos versículos 4-8, e está consolidada pelo apelo a quatro símbolos sagrados, a saber, o figo, a oliva, o Monte Sinai e a Cidade Sagrada de Makka. Sobre a interpretação precisa dos dois primeiros símbolos, em especial o símbolo do figo, há muita controvérsia. Se tomarmos o figo literalmente, como fruta ou árvore, isso poderá servir de simbolismo ao destino do homem, de várias maneiras. Após o cultivo, ela poderá tornar-se a mais deliciosa e completa fruta que existe; em seu estado primitivo, nada mais é do que uma diminuta semente insípida, não raro cheia de bichos e de larvas. O homem, também, quanto às suas boas qualidades, possui um destino nobre; quanto às suas más qualidades, pertence à mais baixa das escalas.
Então, por certo, com a dificuldade, há facilidade!
Dr. Helmi Nasr, 2015
Em verdade, com a adversidade está a facilidade!¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Este versículo é repetido, para dar uma ênfase extra. Sejam quais forem as adversidades ou vicissitudes, com que se deparem os homens, Deus sempre providencia uma solução, uma saída, um alívio, um meio que leve ao conforto e à felicidade, desde que sigamos o Seu Caminho, mostremos fé e paciência e pratiquemos o bem. Contudo, a solução, ou alívio, não acontece meramente depois das adversidades; vem com elas. Nós compreendemos o sentido genérico do artigo definido ‘usr e o traduzimos por “a” adversidade.
Em verdade, ao lado da penúria está o bem-estar.
Mansour Challita, 1970
Assim, em boa verdade, verificar com sofrimentos vem sossego,
¹ Efetivamente, o nome do Profeta é sempre mencionado ao lado do nome de Deus em todos os passos da oração, da Peregrinação e de outros rituais islâmicos.
¹ Ach-Charh: substantivo do verbo charaha, explicar, ou dilatar. No sentido figurado, quer dizer dilatar o peito, para a recepção de conhecimento da Verdade. O título é tomado do presente do indicativo, em árabe, que aparece no versículo 1. Esta sura relata que Deus tornou engrandecido o coração do Profeta, para receber a Mensagem divina; além de aliviar-lhe a árdua tarefa de pregar o Islão, Ele lembra que enalteceu o nome do Profeta, fazendo-o mencionado, ao lado de Seu nome, nas orações e cultos; afirma que o proceder divino faz sobrevir à facilidade, e conclama o Mensageiro, quando desobrigado de qualquer outra tarefa, a orar e a rogar a Deus. ² Ou seja, Deus, engrandecendo o espírito de Muhammad, tornou-o apto para a vida profética e para a pregação do Islão, para o mundo.
Acaso, não confortamos o teu peito,¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ O peito é simbolicamente tomado como a sede do conhecimento e dos sentidos altruísticos, do amor e da afeição, bem como o repositório em que estão armazenadas as jóias, concernentes à qualidade do caráter humano, o qual se aproxima da divindade. A natureza humana do Profeta foi purificada, desdobrava e elevada, tanto que ele se tornou uma Misericórdia para toda a Criação. Com tal natureza, ele possuía recursos para poder passar por cima das intenções rasteiras da humanidade comum, que fazia com que fossem feitos contra ele ataques vergonhosos. Seu vigor e coragem podiam, ainda, fazer com que ele suportasse o fardo de um trabalho estafante que tinha de ser feito, no sentido de apontar o pecado, dominá-lo e proteger da opressão as criaturas de Deus.
¹ O Profeta nasceu em meio à idolatria e ao politeísmo de Makka, no seio de uma família que custodiava este falso culto. Ele percorreu as paragens em busca da Unicidade, e a encontrou, através da orientação de Deus. Nós, contudo, talvez nos encontremos vagando em dédalos de erros, em pensamentos, em motivações; devemos sempre orar pela graça de Deus, para que Ele nos dispense orientação.