Então, consulta-os:¹ “São de teu Senhor as filhas, e deles, os filhos?”
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Os: os idólatras de Makkah.
Pergunta-lhes:¹ Porventura, pertencem ao teu Senhor as filhas, assim como a eles o varões?
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Iniciamos um novo argumento aqui. Os árabes pagãos chamavam os anjos de “filhas de Deus”. Eles próprios ficavam envergonhados de ter filhas, preferindo ter filhos, os quais lhes acrescentariam poder e dignidade (ver os versículos 57-59 da 16ª Surata, e respectiva nota). No entanto, inventaram filhas para Deus!
Pergunta aos descrentes: “Deus teria filhas e eles, filhos varões? Respondei.
Mansour Challita, 1970
Agora pergunta-lhes se o teu Senhor tem filhas ao passo que eles têm filhos.
E creram em Allah, e fizemo-los gozar até certo tempo.
Dr. Helmi Nasr, 2015
E creram nele, e lhes permitimos deleitarem-se¹ por algum tempo.
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Eles se arrependeram e creram, e Nínive adquiriu uma nova fase de vida. Quanto às datas que podem ser postas em relação com Jonas, e às vicissitudes da história da cidade, como sede do Império Assírio, ver as notas do versículo 98 da 10ª Surata. As lições tiradas da história de Jonas são: (1) que homem algum pode arrogar-se o direito de julgar a ira ou a misericórdia de Deus; (2) que, não obstante, Deus perdoa o verdadeiro arrependimento, seja num homem virtuoso, seja numa cidade iníqua e (3) que o Plano de Deus sempre prevalecerá, e jamais poderá ser derrotado.
E elas se converteram, e deixamo-las gozar a vida por algum tempo.
Mansour Challita, 1970
E elas creram: de modo que Nós demos-lhes os benefícios desta vida por um certo tempo.
¹ A cidade de Nínive era muito grande. O Antigo Testamento diz: “Era pois Nínive uma grande cidade de deus, a três dias de caminho”(Jonas, 3:3), em que estão mais de 120 mil homens…” (Jonas, 4:11). Em outras palavras, seu perímetro era de cerca de 73,5 km, e sua população era de mais de 120 mil habitantes.
Depois, enviamo-lo para pregar a 100.000 pessoas ou mais.
Mansour Challita, 1970
E Nós enviamo-lo como Mensageiro a umas cem mil pessoas ou mais,
Então, deitamo-lo fora, em ermo lugar, enquanto indisposto.
Dr. Helmi Nasr, 2015
E o arranjamos, enfermo, a uma praia deserta¹,
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Comparar com o versículo 89 desta surata. Sua estranha situação talvez tivesse feito com que ficasse doente. Ele queria ar fresco e solidão. Ele conseguiu ambos na planície aberta; e a copuda cabaceira, ou alguma árvore frutífera, como ela, forneceu-lhe tanto sobre como sustento. A cabaceira é uma plante trepadeira, que pode espalhar-se sobre qualquer telhado ou estrutura em ruínas.
E o arrojamos, doente, sobre a praia deserta.
Mansour Challita, 1970
Então Nós lançamo-lo para um espaço de terra descampada, e ele ficou doente;
Então, a baleia engoliu-o, enquanto merecedor de censura.
Dr. Helmi Nasr, 2015
E uma baleia¹ o engoliu, porque era repreensível.
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Os rios da Mesopotâmia têm alguns peixes grandes. A palavra, aqui usada, é Hut, que pode ser um peixe ou um crocodilo. Caso se tratasse de mar aberto, poderia ser uma baleia. A localidade não é mencionada; no Antigo Testamento é dito que ele tomou uma embarcação no porto de Jope (agora Jafa), no Mediterrâneo (Jonas, 1:3), que não distaria menos de 900 km de Nínive. O rio Tigre, mencionado por alguns dos nossos exegetas, é o mais provável, e contém peixes de extraordinário porte.
Uma baleia o engoliu, pois ele era culpado.
Mansour Challita, 1970
E o grande peixe engoliu-o enquanto ele se estava queixando de si próprio.
¹ A embarcação estava lotada e encontrou mau tempo. Os marujos, de acordo com a sua superstição, queriam encontrar aquele que seria responsável pela má sorte; um escravo fugitivo causaria tal má sorte. A sorte caiu em Jonas, e ele foi atirado para fora.
E quando escolheram pela sorte quem deveria ser jogado no mar, foi um dos perdedores.
Mansour Challita, 1970
E deitou sortes com a tripulação do navio e foi um dos perdedores.
¹ Jonas fugiu para Nínive. Ele poderia ter ficado em seu posto, e fundido sua vontade com a Vontade de Deus. Ele se apressou em sair e tomar uma embarcação, como se pudesse escapar o Plano de Deus!
¹ Para passagens mais ilustrativas, ver os versículos 87-88 da 21ª Surata, e respectiva nota, e 48-50 da 68ª Surata. A missão de Jonas era com respeito à cidade de Nínive, então afundada em corrupção. Ele foi rejeitado, pois anunciou a ira de Deus sobre eles; mas eles se arrependeram e obtiveram o perdão de Deus. Jonas, porém, “partiu, bravo” (versículo 87 da 21ª Surata), esquecendo-se de que Deus possui misericórdia, bem como perdão. Ver as notas seguintes (comparar com o versículo 98 da 10ª Surata, e respectiva nota).
¹ Comparar com o versículo 76 da 15ª Surata, e respectiva nota. O trato do território, onde eles se situavam é na estrava para a Síria, onde as caravanas árabes passavam regularmente “ao amanhecer e ao anoitecer”. Não poderiam, as gerações futuras, aprender a lição da destruição daqueles que procederam erroneamente?
Passais, por certo, pelas ruínas de suas casas pela manhã
¹ Il Yasin: variante do nome Elias (II Yas,em árabe).
Que a paz esteja com Elias!¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Iliasin talvez seja uma forma alternativa de Ilias (versículo 20 da 23ª Surata) e de Sinin (versículo 2 da 95ª Surata). Ou pode ainda ser o plural de Ilias, significando “pessoas como Ilias”.
Invocais Baal¹ e abandonais o Melhor dos criadores,
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Baal, o deus-sol, cultuado na Síria. O culto incluía a adoração das forças da natureza e dos poderes procriadores, dando margem a que seus seguidores cometessem muitos abusos.
Invocais Baal e desprezais o melhor dos criadores,
Mansour Challita, 1970
“Ireis vós a Baal e deixareis o Melhor dos criadores.
¹ Ver a nota do versículo 85 da 6ª Surata. Elias é o mesmo que Elijá, cuja história pode ser encontrada no Antigo Testamento, em I Reis, 17-19, e II Reis, 1:2. Elijá viveu no reino de Ahab (896-874 a.C.) e Ahaziah (874-872 a.C.), reis do reino (setentrional) desde Israel ou Samaria. Ele era um profeta do deserto, tal e qual João Batista — diferente do nosso Profeta do Islam, que tomou parte, controlou e guiou todos os assuntos do seu povo.
Elias também foi um dos enviados.
Mansour Challita, 1970
E seguramente Elias também foi um dos Mensageiros.
E os secundamos (contra os egípcios), e saíram vitoriosos.¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Os israelitas foram agraciados, em três etapas, como é mencionado nos versículos 114, 115 e 116, respectivamente. Mas a consumação da graça de Deus foi (versículos 117-118) a Revelação dada a eles, que os guiou pela senda reta, Revelação que preservaram intacta e lhes seguiram os preceitos. As três etapas eram: a Divina Missão de Moisés e Aarão, a libertação do cativeiro; o triunfo de cruzarem o Mar Vermelho e a destruição do exército do Faraó.
E socorremo-los, e eles saíram vitoriosos.
Mansour Challita, 1970
E Nós ajudámo-los, e foram eles que tiveram a superioridade.
E, com efeito, Nós fizemos mercê a Moisés e a Aarão,
Dr. Helmi Nasr, 2015
E agraciamos Moisés e Aarão.¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ A história de Moisés é narrada em numerosas passagens do Alcorão. As passagens mais ilustrativas da presente passagem poderão ser encontradas no versículo 4 da 28ª Surata (a opressão do povo egípcio) e nos versículos 77-79 da 20ª Surata (o triunfo dos israelitas sobre os seus inimigos, quando os últimos foram afogados no Mar Vermelho).
E favorecemos Moisés e Abraão.
Mansour Challita, 1970
E de fato Nós conferimos favores a Moisés e a Aarão.
¹ O adjetivo que qualifica “sacrifício”, aqui, azim (grande, importante), pode ser entendido, tanto no sentido literal, como no figurado. No sentido literal, compreende-se que uma ovelha ou um carneiro de boa qualidade foi simbolicamente posto em substituição. O sentido figurado é ainda mais importante. Foi deveras uma grande e importante ocasião, em que dois homens, de comum acordo, “alinharam-se nas fileiras” daqueles para os quais a dedicação a serviço de Deus era a coisa suprema da vida. Porém, note-se que o resgate e a consumação do sacrifício não foram realizados pelos homens, mas por Deus. Deus quer a nossa boa vontade e devoção, não necessariamente as nossas vidas, num sacrifícios físico. Ele encontrará meio, se nos oferecermos a Ele, de nos usar, não para a nossa destruição, mas para o nosso avanço adicional.
E, quando ambos se resignaram, e o fez tombar, com a fronte na terra, lívramo-lo
Dr. Helmi Nasr, 2015
E quando ambos aceitaram o desígnio (de Deus) e (Abraão) preparava (seu filho) para o sacrifício.¹
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ A nossa versão pode ser comparada com a versão judaico-cristã do Antigo Testamento vigente. A tradição judaica, a fim de glorificar o ramo mais jovem da família, que descendia de Ismael, ancestral dos árabes, atribui esse sacrifício como sendo de Isaac (Gênesis, 22:9 e 10). Ora, Isaac nasce quando Abraão tinha 100 anos (Gênesis 21:5), ao passo que Ismael nasceu quando Abraão contava 86 anos de idade (Gênesis 16:16). Ismael era, portanto, 14 anos mais velho do que Isaac. Durante os seus primeiros 14 anos de vida, Ismael foi o único filho de Abraão: em tempo algum foi Isaac filho único de Abraão. No entanto, falando do sacrifício, o Antigo Testamento diz (Gênesis 22:2): “E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaac, a quem amas, e vai-te para a terra de Moriá, e oferece-o em holocausto sobre uma das montanhas…” Este desliza mostra, de qualquer forma, qual era a versão mais velha, e como foi elaborada nos presentes registros judaicos, e nos interesses de uma religião tribal. O termo “terra de Moriá” não está claro; ela ficava a três dias de viagem do local onde estava Abraão (Gênesis 22:4). Há menos justificava em ela identificar-se com o Monte de Moriá, sobre o qual Jerusalém foi depois erguida, do que com o monte de Márwa, que é identificado com a tradição árabe acerca de Ismael.
Quando ambos se submeteram, e Abraão preparava o filho para o sacrifício,
Mansour Challita, 1970
E quando eles se tinham ambos submetido a Deus, e ele o tinha deitado prostrado na sua fronte,
E, quando atingiu a idade de labutar com ele,¹ este disse: “Ó meu filho! Por certo, vi em sonho que te imolava. Então, olha, que pensas disso?” Ismael disse: “Ó meu pai! Faze o que te é ordenado. Encontrar-me-ás entre os perseverantes, se Allah quiser.”
Dr. Helmi Nasr, 2015
¹ Com ele: com o pai, Abraão.
E quando chegou à adolescência, seu pai lhe disse: Ó filho meu, sonhei¹ que te oferecia em sacrifício; que opinas? Respondeu-lhe: Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Onde ocorreu esta visão? O ponto de vista muçulmana é que foi em Makka ou perto dela. Alguns identificariam o local como sendo o vale de Mi na, cerca de 9 km ao norte de Makka, onde um sacrifício comemorativo é anualmente levado a efeito, como um ritual do Hajj, no décimo dia de Dul-Hijja, o dia do Sacrifício, o Eid (festa) do sacrifício de Abraão e Ismael. Outros dizem que o local original do sacrifício foi perto do monte Almarwa o qual está associado à infância de Ismael.
E quando o filho atingiu a adolescência, o pai disse-lhe: “Filho meu, vi num sonho que devo imolar-te. Que achas? ” Respondeu: “Pai, faze o que te for ordenado. Encontrar-me-ás, Deus querendo, entre os perseverantes.”
Mansour Challita, 1970
E quando ele teve idade bastante para trabalhar com ele, Abraão disse, “Oh meu querido filho, eu vi num sonho que te ofereço como um sacrifício. De modo que vê lá. o quc te parece?” Ele respondeu, “Oh meu pai, faz como te é ordenado; tu acharás que eu, se a Allah aprouver, sou dos constantes”.
E lhe anunciamos¹ o nascimento de uma criança (que seria) dócil.
Prof. Samir El Hayek, 1974
¹ Isto ocorreu no solo fértil da Síria e da Palestina. O menino, dessa forma nascido, era, de acordo com a tradição muçulmana, o primogênito de Abraão, a saber, Ismael. O nome provém da raiz Samiá (ouvir), porque Deus havia ouvido a súplica de Abraão (versículo 100). A idade de Abraão, quando Ismael nasceu, era 86 anos (Gênesis, 16:16).
Anunciamos-lhe um filho amável.
Mansour Challita, 1970
De modo que Nós lhe demos a alegre nova de um filho dócil.